Supervisão de custos e planejamento e mecânica agrícola são as profissões mais demandadas pelas usinas

Rogério Barros
Araçatuba

Mesmo vivendo atualmente uma de suas mais duras crises, com falta generalizada de matéria-prima e de dinheiro para novos investimentos, o setor sucroenergético continua atraindo milhares de profissionais que encontram neste segmento um porto seguro na carreira. Recente pesquisa voltada para a participação do setor na economia nacional, aponta que as mais de 430 usinas e destilarias do país empregam atualmente mais de 1 milhão de trabalhadores de forma direta e outros 2,5 milhões de forma indireta, com um faturamento de mais de R$ 60 bilhões ao ano.

Estimativas do presidente do Conselho da Unica - União da Indústria de Cana-de-Açúcar, Pedro Parente, dão conta ainda que o setor deve investir mais de R$ 100 bilhões nos próximos cinco ou seis anos, na construção e ampliação de seu parque industrial, “desde que haja política pública favorável à retomada de investimentos”, destaca Parente.
Além de a adoção de políticas públicas estimuladoras, em época de vacas magras, com preços finais nem sempre atrativos, o setor se volta para a lição de casa e se debruça em planilhas visando uma redução de custos e eventual aumento de rentabilidade.
Uma das profissões mais fortemente demandadas nas usinas, atualmente, é justamente a de supervisor de custos e planejamento, profissional com formação, na maioria dos casos, nas áreas de economia ou administração de empresas, e que tenha um conhecimento básico de todo o processo de produção da cadeia, desde a prospecção de área, preparo de solo, sistematização, plantio, tratos culturais, colheita e CCT – corte, carregamento e transporte, até o processamento final e produção de etanol, açúcar, bioeletricidade e demais subprodutos.

Profissional raro no mercado
Para o supervisor de Recursos Humanos, Antonio Carlso Ferrarezzi, a demanda por supervisores de custos e planejamento é alta e difícil de ser suprida nas usinas. “É um profissional completo, com grande conhecimento de todos os processos do setor. Daí a dificuldade de encontrar no mercado este tipo de profissional”, destaca Ferrarezzi.
Numa usina que processe cerca de 1,5 milhão de toneladas por safra, são exigidos pelo menos dois profissionais nesta área, com salários que giram entre R$ 6 mil e R$ 10 mil, dependendo da empresa.
Dentre as funções executadas por estes profissionais estão o planejamento de resultados de análise dos custos; análise dos resultados, checando com as tabelas dos preços, emitindo um parecer técnico e promovendo ajustes e correções; análise de valores contidos nas tabelas, frente aos preços exigidos pelos prestadores de serviços; apresentação de sugestões compatíveis com as expectativas de negócio da empresa; análise de processos abertos; além de orientações quanto às formas de obter melhores resultados nas negociações e execução das tarefas.

Mecânico Agrícola

Outra profissão muito demandada nas usinas na atualidade é a de mecânico de máquinas agrícolas. Cada usina precisa, em média, para atender a demanda de cana colhida e plantada mecanicamente, de cerca de 50 profissionais desta área para cada 1,5 milhão de toneladas de cana processadas, o que dificulta o preenchimento de todas as vagas.
Muitas usinas aproveitam o processo acelerado de mecanização da colheita para selecionar e treinar os profissionais do corte de cana para esta função, mas os gerentes de RH destacam que nem todos querem migrar de profissão.
Dentre as habilidades da profissão, que requer nível técnico, estão a execução de reparos e ajustes mecânicos em geral, verificando as condições de funcionamento, averiguando os defeitos mais
prováveis que podem ocorrer nos circuitos de alimentação hidráulico, arrefecimento, lubrificação, freios, etc, atentando para o consumo excessivo de lubrificantes, combustíveis, válvulas avariadas, vazamentos, componentes desalinhados, dentre outras avarias.

O mecânico de máquinas agrícolas trabalha normalmente em turnos de 8 horas/dia, nas 24 horas do dia, uma vez que a colheita de cana, no período da safra, ocorre diuturnamente. Na entressafra, o profissional é responsável por toda a manutenção preventiva das máquinas. O salário médio pago nas usinas para estes profissionais costuma girar entre R$ 2,5 mil e R$ 4 mil, dependendo do grau de responsabilidade desempenhado pelo trabalhador.

Fonte: Cana Substantivo Feminino