A broca-gigante expande a área de ação
11-07-2014

A mais importante praga da cana na região Nordeste, a broca-gigante, faz as malas e também passa a habitar os canaviais do Centro-Sul, já provocando perdas


Luciana Paiva e Clivonei Roberto


Foi em 1927 que os produtores de cana do Nordeste constataram pela primeira vez a presença da broca-gigante. Desde então, ela nunca mais deixou de marcar presença nos canaviais nordestinos. “Para nós ainda é a pior praga da cana”, diz Fabrízzio Tenório superintendente agrícola das unidades da Caeté, pertencentes ao Grupo Carlos Lyra, em Alagoas. Não apenas nas unidades da Caeté, mas em todo o Nordeste, a broca gigante é apontada como a principal praga da região, seus danos acarretam prejuízos de 20% a 60% da produçãoe resultam em perdas anuais estimadas em R$ 34,5 milhões.
Não contente em se deliciar com a cana nordestina, a broca gigante resolveu fincar raízes no Centro-Sul, em julho de 2007 foi detectada sua presença na região de Limeira, no Estado de São Paulo. Ela demorou quase 80 anos para sair do Nordeste, mas agora se alastra rapidamente no Centro-Sul, além de São Paulo já habita os canaviais do sul de Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso do Sul. Sua proliferação é agressiva, com perdas de produtividade média de 15 toneladas de cana por hectare por ano.
A forma adulta da broca-gigante é uma borboleta preta com uma faixa branca transversal nas asas anteriores. As asas posteriores apresentam uma faixa branca curva e sete manchas vermelhas na margem externa. No Nordeste, as brocas adultas aparecem no verão e põe de 50 a 100 ovos em touceiras velhas, no meio dos detritos e caules cortados. A fase de ovos dura de 8 a 10 dias e estes podem ser esverdeados ou marrons no formato de carambola
As larvas, de coloração branca leitosa, vivem de 100 a 120 dias e, próximo à mudança de fase, permanecem nas bases das touceiras, abaixo do nível do solo. As lagartas são grandes - 80 mm de comprimento - brancas, com algumas pintas pardas na parte dorsal. A largura é decrescente da parte toráxica para a anal. A pupa se transforma dentro de um casulo feito de fibras de cana e dá origem a um adulto que viverá até 15 dias.
OS PREJUÍZOS CAUSADOS PELA BROCA-GIGANTE SÃO:
• galerias verticais;
• destruição completa do colmo por causa do tamanho;
• redução do poder germinativo;
• coração morto;
• podridões.
Ainda não existe um método de controle eficiente da praga. Atualmente, o meio utilizado consiste na catação manual de larvas por meio de enxadeco e captura de adultos com o uso de rede entomológica.
CONTROLE
Segundo pesquisadores, a broca gigante é “praga chave” da cana e de difícil controle, pois a larva fecha o buraco (orifício ocado) logo após o corte da cana, dificultando o acesso de predadores e tornando ineficiente a aplicação de inseticidas. O controle manual (catação da praga) é o único método eficiente, até o momento, porém os custos são elevados. Fazem-se levantamentos populacionais por amostragens e quando constatado sua presença, efetua-se o controle manual. A lagarta é coletada manualmente imediatamente após o corte, com auxílio de ferramentas apropriadas, matando-se no primeiro dia até 65% das mesmas. No quinto dia não há mais eficiência de controle, pois ela migra para outro colmo.
Numa segunda etapa (45 dias depois), avalia-se o coração morto e retira-se o broto ou perfilho atacado com outro tipo de enxadinha. O controle manual é caro,
mas o pior é perder o canavial. Se não for controlado desta maneira, o avanço populacional da praga condena o canavial à reforma, pelo elevado número de falhas que aparecem.
Fonte: CanaOnline – www.canaonline.com.br