À espera de uma ruptura, talvez?
11-09-2017

Por Arnaldo Luiz Corrêa

O total de moagem no Centro-Sul, de acordo com o relatório quinzenal da UNICA até 16 de agosto, foi de 342,6 milhões de toneladas de cana. Caso o ritmo de moagem desta safra siga o mesmo padrão da safra 2016/2017 cujos números finais, quando encerrada a safra, mostraram que o acumulado da primeira quinzena de agosto representou 58.84%, então a 2017/2018, em tese, encerraria com uma moagem de 582 milhões de toneladas de cana.

São apenas conjecturas, obviamente, mas já vimos outros analistas diminuírem suas previsões para este ano. A nossa, mantida desde janeiro de 2017, é de 586 milhões de toneladas de cana. Também ouve-se falar de morte súbita nesta safra, ou seja, a moagem pode acabar mais cedo do que se previra.

Sempre fui muito cético com números que pipocam no mercado sem uma análise criteriosa. Vale a pena ir a fundo para saber como são construídos os superávits mundial que são divulgados. Estarão eles sendo baseados em quais consumo e produção? Já tocamos aqui acerca da dificuldade de se prever a safra de cana no Centro-Sul (os números vão de 580 até 612 milhões de toneladas de cana), mas ouvem-se no mercado números de produção da Índia para a próxima safra, que começa em outubro de 2018, com “precisão” de três casas depois da virgula. A quem estamos enganando?

O mercado fechou a sexta-feira com o vencimento outubro/2017 negociando a 14.09 centavos de dólar por libra-peso, uma alta 34 pontos na semana (7.50 dólares por tonelada). Os demais meses na curva de NY também fecharam positivamente entre 20 e 28 pontos. Há bastante tempo que o mercado futuro de açúcar está restrito a um aborrecido intervalo de preços.

Nas últimas 60 sessões, o mercado oscilou entre 12.53 centavos de dólar por libra-peso (a mínima do ano) até 15.16, com a média em 13.79; nas últimas 40, o intervalo ficou entre 12.92 e 15.16 centavos de dólar por libra-peso, com média de 13.99; e nos últimos 20 pregões, entre 12.92 e 14.44 centavos de dólar por libra-peso, com média de 13.73. Percebem? O mercado está cada vez mais limitado em suas oscilações e as médias muito similares ao longo do tempo. Ou seja, os participantes parecem estar à espera de uma ruptura dos preços. Se por um lado os fundos vão tomando lucro parcimoniosamente, por outro as fixações atrasadas dão o contraponto e coíbem oscilações mais bruscas. O nosso modelo estimava que o preço médio dos fechamentos de NY durante o mês de agosto fosse de 14.18 centavos de dólar por libra-peso, foi de apenas 13.80 (erramos em 2.68%).

Para os fundos, não faria muito sentido aumentar suas posições vendidas tendo em vista que o potencial de queda nos preços está limitado por vários fatores. Valeria à pena então liquidar sem muito alarde as posições vendidas e embolsar os US$ 300 milhões que estimamos de lucro nessas operações (lembrando que os fundos ganharam muito na alta do ano passado, uns US$ 2 bilhões). Outro aspecto é que o açúcar é a commodity que mais se desvalorizou ao longo deste ano (28%). Por que manter uma posição vendida com tão pouca possibilidade de ganhos maiores?

Os fundamentos estão todos aí escancarados. Uma nova entrega volumosa de açúcar na expiração do contrato futuro de outubro em NY, no final deste mês, pode eventualmente colocar mais pressão no mercado. Assim como o dólar fraco em relação ao real e o petróleo no mercado internacional abaixo dos 45 dólares por barril (hoje está em US$ 49). Uma queda no petróleo ajustaria o preço da gasolina para baixo colocando mais pressão no etanol e consequentemente no açúcar. No entanto, achamos difícil que o preço possa quebrar a mínima do ano de 12.53 centavos de dólar por libra-peso.

Por outro lado, petróleo acima de 50 dólares por barril, a piora do mercado de energia devido aos problemas na Flórida e um enfraquecimento do dólar em relação às demais moedas, coloca o investidor como comprador mais ávido por commodities. A luz amarela para essa recuperação é exatamente o atraso nas fixações de preço, por parte das usinas, para a safra 2018/2019.

O mercado continua tentando rastrear as variações no preço da gasolina por parte da Petrobras tentando compreender e identificar o critério que a estatal do petróleo está usando para as correções diárias no preço. Quais componentes fazem parte dessa intrincada fórmula? De qualquer maneira, não há como não admitir que a introdução dessa política será extremamente benéfica no médio longo prazo. Está começando a dar transparência e animando eventuais investidores a olhar o setor com outros olhos.

Estarrecedoras as declarações do ex-ministro Palocci acerca da promiscuidade que imperava entre a presidência da República (Lula e Dilma) e a construtora Odebrecht (não apenas ela, diga-se de passagem) que, segundo Palocci, nos últimos dias de mandato de Lula, disponibilizou R$ 300 milhões para o “defensor dos pobres”, “o homem mais honesto do Mundo” e o “guerreiro do povo brasileiro”. Lula, Dilma e os demais canalhas que faziam parte dessa organização criminosa transformaram o país e as instituições num prostíbulo de beira de estrada.

Essa alcateia jamais pensou um segundo nos reais e urgentes problemas do País, mas apenas em como obter vantagens para si e roubar tudo que podiam de maneira voraz. Achar que um ex-ministro guardava R$ 51 milhões num apartamento, apreendidos pela Policia Federal e que a dupla infame de presidentes não tem nada a ver com isso é muita inocência.

Enquanto isso, em seu périplo eleitoral pelo país, apoiado por uma subespécie de mamíferos perissodáctilos que babam às parvoíces que saem da sua boca, o desprezível eneadáctilo acredita que vai disputar as eleições de 2018. Vai, sim, estar na cadeia e vamos celebrar muito essa ocasião. Se aqui fosse a Cuba de Fidel que eles hipócritas tanto admiram o destino deles certamente seria o paredón.