Adubação verde ajuda a engordar o caixa
07-11-2014

Com a crise, adotar práticas que contribuam para a viabilidade econômica do canavial passou a ser condição determinante para continuar no mercado

O que fazer para que o canavial seja economicamente viável? Essa pergunta não sai da cabeça dos profissionais do setor, afinal, a competitividade dos canaviais brasileiros despencou, perde até para a Argentina. Para recuperar o espaço perdido a principal alternativa é aumentar a produtividade e, para isso, há várias alternativas disponíveis, muitas delas são simples, de baixo custo e que apresentam excelente resultado, é o caso da adubação verde.
A utilização de adubos verdes na rotação com a cana nas áreas de reforma não é algo novo, segundo José Aparecido Donizeti Carlos, diretor-comercial da Piraí Sementes, empresa com 40 anos de atuação no mercado, nos últimos 20 anos a adoção dessa prática pela agroindústria canavieira cresceu a ponto de representar 70% do mercado da empresa.
Donizeti observa que o solo sem cobertura fica exposto à erosão, ao sol e à infestação de plantas daninhas. Em algumas situações é submetido à gradagens para controlar o mato, facilitando ainda mais o processo erosivo e aumentando a compactação. A utilização da adubação verdeimpede os efeitos da erosão e radiação solar e o desenvolvimento de ervas daninhas, o solo se recupera e mantém a sua capacidade produtiva, aumentando a produtividade, reduzindo os custos, obtendo ainda resultados na preservação do meio ambiente.

OS ADUBOS VERDES MAIS UTILIZADOS NA ÁREA DE CANA SÃO: Crotalária-júncea: leguminosa consagrada pelos melhores resultados na pesquisa e no campo devido à germinação e estabelecimento rápidos, grande produção de massa verde em pouco tempo (40 a 60 t/ha), que reverte em maior fixação de nitrogênio (300 a 400 kg/ha). O uso de trifluralina é opcional no caso de áreas com histórico de pastagens e de grande potencial de folhas estreitas. Utiliza-se 25 a 30 kg/ha de sementes. 

E a Crotalária-spectabilis: o uso dessa leguminosa foi bastante ampliado recentemente, devido a sua capacidade de controle de nematóides, de galhas e das lesões radiculares. Tem a fase inicial lenta, o que implica no uso obrigatório de trifluralina para o controle de folhas estreitas. Produz de 20 a 30 t/ha de massa verde e de 100 a 160 kg/ha de nitrogênio. O seu manejo é facilitado pelo menor porte que a Crotalária-júncea, permitindo a sulcação direta sem dificuldades. Utiliza de 15 a 20kg por hectare de sementes.

PLANTIO DA CROTALÁRIA
Na cultura canavieira, explicaDonizeti, a adubação verde é praticada no período das chuvas, que antecede ao plantio da cana de ano e meio, na implantação e na renovação dos canaviais. Também apresenta excelentes resultados no sistema de MEIOSI (Método Interrotacional Ocorrendo Simultaneamente),nesse caso a indicada é a Crotalaria-spectabilis. “As empresas, normalmente adquirem as sementes em agosto e setembro e plantam em outubro e novembro, este é o plantio planejado, mas quando há algum contratempo, os plantios também acontecem em dezembro até janeiro na região Centro-Sul”, diz.
O preparo de solo para as sementes da crotalária é o mesmo realizado para receber os toletes de cana. O plantio da semente pode ser em linha, feito com a máquina, ou a lanço, nesse caso é necessário que depois se incorpore a semente de forma leve e superficial.

Donizeti salienta que para aproveitar todo o potencial da Crotalária-juncea seu manejo (não se fala mais incorporar) deve ocorrer após quatro a cinco meses, quando está em pleno florescimento. No caso da spectabilis, o período é de três a quatro meses. Muitas vezes, as usinas não podem aguardar esse tempo, porém, Donizeti adverte que se a crotalária for manejada antes de 90 dias após o plantio, será perda de dinheiro, pois a operação não surtirá efeito.
A forma de manejo mais utilizada é com o uso do rolo-faca, diz Donizeti. “A crotalária é plantada lá por outubro e novembro, a área fica protegida contra a erosão, após quatro meses, entra com o rolo-faca que pica essa biomassa no tamanho de 20 a 30 centímetros, formando uma cobertura morta, aí faz a sulcação e entra plantando a cana”, informa o diretor da Piraí, salientando que, também há outras formas de manejo, como a dessecação química, utilizada na spectabilis. No caso do plantio direto, o trator entra sulcando, na máquina é colocado um tronco que deita a crotalária e se faz a sulcação direta, é um método que tem crescido bastante, diz Donizeti. O que também está em expansão é o plantio mecanizado da cana, nesse caso, as pesadas plantadoras tombam a crotalária e plantam a cana.

ADUBAÇÃO VERDE EM ÁREA DE RENOVAÇÃO E EXPANSÃO
São Paulo é o estado que mais utiliza a adubação verde, seguido por Minas, Goiás, Paraná e Mato Grosso do Sul. Segundo Donizeti, em São Paulo, a área de expansão é menor, por isso, a adubação verde entra nas áreas de renovação, como é grande a quantidade de usinas, e cada uma renova cerca de 15% da área por ano, o montante acaba sendo alto. Normalmente, as usinas cedem as terras para o plantio de amendoim e soja, mas as áreas mais problemáticas, com menor fertilidade, mais arenosas, com declividade, com nematoide, recebem a adubação verde,enquanto aguardam a colheita dos grãos.
Nos demais estados, a adubação verde entra, principalmente em áreas de expansão com pastos degradáveis. Donizeti diz que, nessas regiões é surpreendente a quantidade de terras de má qualidade, baixa fertilidade, com nematoides, compactadas e com erosão.O que exigem tratos culturais como calagem, gessagem, fosfatagem e adubação verde.

OS GANHOS COM A ADUBAÇÃO VERDE
Mas seja em áreas de renovação ou expansão, Donizeti salienta que a produção de biomassa fornece suprimento de matéria orgânica, aumento da capacidade de armazenamento de água e recuperação de solos degradados. Seu sistemaradicular profundo ajuda na descompactação, estruturação e aeração do solo e reciclagem de nutrientes lixiviados e liberação de fósforo fixado. Reduz o assoreamento de sulcos de plantio, evitando o replantio.
Outro ponto de destaque na adubação verde com crotalária é o fornecimento de nitrogênio fixado direto da atmosfera, que é suficiente para dispensar a adubação nitrogenada no plantio de cana, mas Donizeti aconselha não retirar totalmente o nitrogênio e adquirir fertilizantes com menor quantidade de nitrogênio em sua fórmula, por exemplo, ao invés de 6%, um que tenha 2%, são produtos com menor custo.“A Crotalária-juncea deixa em torno de 300 quilos de nitrogênio por hectare, e a spectabilis pelo menos 100 quilos, isso representa ganhos em torno de R$ 200 a R$ 400 por hectare, pagando tranquilamente a semente para o plantio”, diz. O conjunto de benefícios trazidos por essa adubação verde resulta em ganho de produtividade entre 15 a 20 toneladas de cana por hectares no primeiro corte.

PROGRAMA CANAVIÁVEL – agrônomo, formado em 1982, Donizeti atua na Piraí há 30 anos e visita usinas pelos quatro cantos do Brasil, assim, conhece muito bem os problemas do setor e sabe que é fundamental apresentar soluções para aumentar a produtividade dos canaviais. “Os profissionais das usinas têm muito trabalho, então, além de desenvolver soluções que contribuam para viabilidade do negócio, precisamos facilitar o acesso à essas informações”, diz Donizeti.
Pensando nisso, a Piraí criou o Programa Canaviável, seu novo projeto de relacionamento que tem o objetivo de fortalecer a implantação e renovação de canaviais com adubo verde. Apresentando aos profissionais da área uma maneira sustentável de produção, que não agride o solo e permite o cultivo constante. “O objetivo principal da empresa é ser parceira ativa da agroindústria canavieira, auxiliando no desenvolvimento de técnicas de adubação verde para a cultura”, salienta o Diretor da Pìraí.
Para facilitar a comunicação, para que seja mais ampla e rápida, a Piraí criou o hotsite do Programa Canaviável. Faça parte, basta preencher o formulário no endereço http://www.pirai.com.br/canaviavel