Apesar de tímido, movimento de aquisição de usinas começa a aquecer
12-07-2017

Usina Santa Cândida, unidade da Tonon, em Bocaina, será Raízen
Usina Santa Cândida, unidade da Tonon, em Bocaina, será Raízen

Expectativa é que, se o programa RenovaBio foi implementado haverá aceleração na aquisição, fusão e incorporação de usinas

Na próxima semana, a ex-destilaria TGM, atual Bravia Bioenergia, localizada em Cerqueira César, SP, fechada desde 2013, volta a moer. A unidade foi adquirida por dois sócios. Nos últimos dias, notícias destacam as negociações da Raízen para aquisição das unidades do Grupo Tonon, as duas no interior paulista, Santa Cândida, localizada em Bocaina, e Paraíso, em Brotas.

Segundo consultorias na área de aquisição, fusão e incorporação de usinas, há bastante agitação nos bastidores do setor para que mais negócios nesse sentido sejam fechados, uma vez que existem mais de 100 unidades sucroenergéticas com situação financeira em muitos casos crítica. Muitas buscam parceiros para se manter na atividade, outras, a única opção dos donos é se desfazer do negócio.

Mas a falta de um cenário sucroenergético no médio e longo prazo seguro para o investidor emperra as negociações. Umdos fatores que pode alavancar esse movimento é o RenovaBio, uma política que está diretamente relacionada com os compromissos assumidos pelo Brasil no Acordo de Paris, que prevê a diminuição da emissão dos gases do efeito estuda (GEE) no setor de transportes até 2030 e, ampliando a participação dos combustíveis renováveis.

Com a entrada em funcionamento do RenovaBio, para Rubens Ometto, presidente do Conselho da Cosan, da qual faz parte a Raízen, maior grupo sucroenergético do mundo, a retomada dos investimentos no setor seria, principalmente por meio da aquisição de usinas já existentes, pois,está mais barato comprar uma usina, que investir em projetos de greenfield. “Uma nova usina sai por US$ 120 por tonelada e hoje você consegue comprar uma já funcionando por US$40 ou US$ 50 por tonelada.”

Assim, o setor vivea expetativa de aquecimento nas negociações de aquisição, fusão e incorporação de usinas. O desejo é que os números sejam iguais aos registrados na primeira década dos anos 2000. A participação de capital estrangeiro nesse setor, estreou, em 2000, com a entrada dos grupos franceses Louis Dreyfus Commodities (LDC) e Tereos (antiga Béghin-Say) no Brasil. Já em 2004, a KPMG Corporate Finance registrou cinco casos de aquisição, tendo a Cosan como principal negociante. Em 2006, segundo dados da União da Industria de Cana-de-Açúcar (Unica), as empresas estrangeiras respondiam por 4,5% da produção nacional de cana, ou 18,5 milhões de toneladas, e tinham 11 unidades.

De acordo com a KPMG Corporate Finance, nos anos de 2006, 2007, 2008 e 2009, ocorreram nove, 25, 14 e seis fusões e aquisições, respectivamente, no setor de açúcar e álcool. Dados da Unica mostraram que 67 grupos econômicos sucroalcooleiros do Centro-Sul do País detinham 154 unidades produtoras na safra 2006/07, que processaram cerca de 73,23% da produção do Centro-Sul, ou 273,5 milhões de toneladas.

Em 2007, os principais compradores foram grandes grupos e fundos estrangeiros, responsáveis por 70% das transações realizadas. Somente nos três primeiros meses de 2007, o Banco Central registrou o ingresso de US$ 6,5 bilhões, aumento de 66% em relação ao mesmo período do ano anterior, sendo o álcool o maior responsável por este aumento recorde.

Depois da forte entrada de investimentos registrada em 2007, os negócios perderam força em 2008, por conta da crise financeira global. Entretanto, a multinacional americana Bunge, a espanhola Abengoa, o asiático NobleGroup, as francesas Louis Dreyfus Commodities (LDC) e Tereos, continuaram adquirindo usinas no País naquele ano, fazendo com que o setor sucroenergético figurasse entre aqueles com maior número de fusões e aquisições, e fosse responsável por 18% dessas operações, segundo a PWC.
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