Aumenta prejuízo da Odebrecht Agro
21-07-2016

A Odebrecht Agroindustrial, braço sucroalcooleiro da holding Odebrecht, registrou prejuízo líquido no exercício encerrado em 31 de março (referente à safra 2015/16) de R$ 1,9 bilhão, um aumento de 59% sobre a perda do ciclo anterior, de acordo com demonstrações publicadas no Diário Oficial de São Paulo. A piora do desempenho reflete o crescimento dos custos financeiros e ocorreu antes do acordo de renegociação de sua dívida, fechado em junho, que previu um aporte de R$ 6,2 bilhões por parte da holding, que deve ser efetivado até 31 de agosto.
O segundo resultado negativo consecutivo da Odebrecht Agro teve forte influência do aumento da despesa financeira, que subiu 66%, para R$ 2,5 bilhões. Já a receita líquida cresceu 45%, para R$ 3,7 bilhões. Da receita bruta, de R$ 4,1 bilhões, 85% correspondeu a vendas no mercado interno.
O desempenho operacional foi favorecido pela melhora dos índices de produtividade nos canaviais, informa a empresa em nota à imprensa. Isso permitiu que as unidades da Odebrecht Agroindustrial processassem 23% mais cana que na safra anterior, ou 29,3 milhões de toneladas. Com isso, a companhia produziu 2 bilhões de litros de etanol, 455 mil toneladas de açúcar VHP e forneceu biomassa para exportar 2,1 mil gigawatt-ora (GWh) ao sistema elétrico.
Apesar dos melhores resultados operacionais, o endividamento líquido da empresa cresceu 12%, para R$ 14,1 bilhões. Apenas com instituições financeiras, a dívida total subiu 3%, para R$ 11,6 bilhões.
Nas notas explicativas do balanço, a Odebrecht Agroindustrial informou que R$ 500 milhões dos R$ 2,5 bilhões que a Odebrecht S.A. se comprometeu a quitar imediatamente de dívida da sucroalcooleira foram adiantados e já se refletiram nas demonstrações financeiras.
Da dívida total, o volume que venceria 12 meses após o fim da safra era de 35,2% em 31 de março, acima dos 22,7% de um ano antes. A companhia informou que, com a renegociação, a dívida alocada no curto prazo representará cerca de 2,8%, e o prazo médio passará de 3,6 anos para oito anos.
Mas a Odebrecht Agroindustrial afirmou, em nota explicativa, que a liberação do aporte de R$ 6,2 bilhões está "sujeito ao cumprimento de determinadas condições precedentes, principalmente a documentação relacionada ao registro dos novos contratos e constituição e averbações das garantias negociadas"
Procurada, a companhia informou, via assessoria, que não pode detalhar garantias e detalhes do contrato da dívida porque "são cláusulas confidenciais", mas atestou que "a documentação está finalizada e que os créditos dos valores que serão recebidos em caixa acontecerão até 29 de julho".
Em nota, a empresa informou que projeta, para a safra 2016/17, moer 31 milhões de toneladas de cana e produzir 2,2 bilhões de litros de etanol e 640 mil toneladas de açúcar VHP, além de 2,2 mil GWh de energia elétrica a partir da biomassa.