Barrigudinha, uma das “canas-mães” das variedades cultivadas atualmente
10-03-2017

Sem as pesquisas de melhoramento genético, o Brasil não seria o maior produtor de cana do mundo

Existem no Brasil mais de 500 variedades comerciais de cana-de-açúcar, mas não foi sempre assim. Introduzida no Brasil no começo do século XVI, durante séculos, os canaviais brasileiros foram formados basicamente por poucas variedades de cana, uma das mais plantadas é a popularmente conhecida por Barrigudinha, por causa de seus colmos curtos e gordinhos.

Mas, por volta de 1920, a doença chamada Mosaico devastou boa parte da lavoura de cana, notadamente no estado de São Paulo, que ainda não figurava entre os maiores produtores de cana do Brasil.

A estratégia encontrada, foi investir em pesquisa agrícola, por meio de seleção de variedades de cana existentes tanto no Brasil quanto no exterior. Essa atividade ocorreu na Estação Experimental de Cana de Piracicaba (EECP) e em outras oito usinas paulistas com seus campos de experimentação próprios. Essa relação que se estabeleceu entre a instituição pública de pesquisa e as empresas do setor se revelou fundamental para o sucesso da empreitada, já que permitiu ampla difusão das novas variedades e das técnicas de manejo mais adequadas.

O início da década de 1930 trouxe um dos mais complexos motores de transformação do Sistema de Produção e Inovação Sucroalcooleiro (SPIS). Trata-se do motor de desenvolvimento de variedades de cana-de-açúcar. A transformação do SPIS ocorreu em torno da mesma tecnologia básica: desenvolvimento/seleção de variedades de cana. Entretanto, a motivação não era mais vencer o mosaico. O objetivo era aumentar a produtividade agroindustrial por meio da maximização do rendimento agrícola, o que seria obtido com o desenvolvimento de variedades de maior conteúdo de sacarose e de maior resistência a pragas e doenças.

O modelo empreendido pela EECP para pesquisa, por meio da seleção de variedades, e para difusão tecnológica, por meio de redes com agentes produtivos, foi futuramente replicado por importantes instituições no melhoramento genético da cana, como pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), quando este sucedeu à EECP, em 1935, e pelo Centro de Tecnologia da Coopersucar (CTC), criado em 1969 e qu, em 2004, se transformou em Centro de Tecnologia Canavieira.

O modelo criado nas décadas de 1920 e 1930 também serviu de base para a criação do Plano Nacional de Melhoramento de Cana-de-Açúcar (Planalsucar), em 1971, sob responsabilidade do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA).
Em 1990, com a extinção do IAA, o Planalsucar se transformou na Rede Interuniversitária de Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (Ridesa).

Por meio do melhoramento genético, a Barrigudinha contribui para o desenvolvimento de variedades eretas, propicias ao corte mecanizado, com maior tolerância à seca e doenças e pragas, personalizadas às características regionais, propiciais para colheita no início, meio e fim de safra e com alto potencial produtivo.

Não há dúvida de que sem as pesquisas de melhoramento genético, o Brasil não seria o maior produtor de cana do mundo.
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