Bioeletricidade sucroenergética é discutida na Câmara Federal
12-07-2016

Gerada próxima aos centros consumidores, a bioeletricidade sucroenergética proporciona inúmeros benefícios ao Sistema Interligado Nacional. Além de ser complementar à geração hídrica durante o período mais seco do ano, a geração de energia pela biomassa da cana reduz as perdas de transmissão de energia na rede e a necessidade de investimentos em infraestrutura de transporte. Este foi um dos pontos abordados pelo diretor Executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Eduardo Leão de Sousa, no workshop “Plano Nacional de Energias Renováveis”, realizado terça-feira última (05/07), no auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados, em Brasília.
Organizado pelo Partido Republicano da Ordem Social (Pros), o seminário reuniu aproximadamente 200 pessoas, entre especialistas e parlamentares, para discutir o papel das diversas energias renováveis na matriz de energia brasileira.
“Eventos como este no Congresso Nacional representam um canal importante para que se identifique as medidas necessárias para o avanço das fontes biomassa, eólica, solar e pequenas hidrelétricas em nosso País. Trata-se de importante canal de diálogo entre as diversas esferas governamentais para rediscutir temas como o modelo de contratação da bioeletricidade nos leilões regulados de energia”, avalia o executivo da UNICA.
Neste caso específico dos certames e da eletricidade produzida a partir do bagaço e da palha da cana, Eduardo acredita que os entraves para a sua expansão contínuam e mostram a urgente necessidade de aprimoramento das regras que compõem os certames regulados pelo Governo Federal.
“Por ser produzida próxima aos grandes centros urbanos do País, a bioeletricidade sucroenergética evita o dispêndio em transporte e perdas na rede transmissora. Este é só um dos exemplos das inúmeras externalidades que deveriam ser efetivamente reconhecidas na metodologia para estabelecer o preço de cada fonte nos leilões”, complementa o diretor.
Racionalidade
Nesta quinta-feira (07/07), durante encontro com executivos do Banco do Nordeste, em Fortaleza, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, afirmou que os leilões regulados precisam ser mais racionais na forma de contratação, devendo-se observar o potencial de cada região e com preços ao consumidor final que considerem efetivamente o custo da infraestrutura necessária de transmissão da energia.
“Se preciso de energia em São Paulo, e um parque eólico vence leilão no Ceará, longe do centro de carga [região Sudeste], é evidente que a energia eólica ganhou a um preço competitivo, mas qual o custo para transportar essa energia do Ceará para São Paulo? Se eu tivesse computado esse custo, poderíamos ter gerado essa energia mais perto do centro de carga e outras fontes poderiam ter adquirido competitividade suficiente" afirmou o ministro à Agência Brasil.
De acordo com o gerente em Bioeletricidade da UNICA, Zilmar de Souza, atualmente, a bioeletricidade da cana usa apenas 16% de seu potencial de exportação para a rede. “Podemos fornecer quase o mesmo volume de energia ofertado por duas usinas Itaipu, isso contando apenas com a biomassa já existente nos canaviais. Isto demonstra que temos um potencial adormecido nas lavouras canavieiras, e o Congresso é um importante canal de diálogo entre as diversas esferas governamentais para rediscutir o modelo de contratação da bioeletricidade nos leilões regulados”, conclui.