Brasil trabalha pela inclusão do açúcar e etanol no acordo Mercosul-EU
18-07-2017

Geraldine Kutas (ao centro) representou a indústria canavieira do Brasil em evento com outras entidades setoriais em Bruxelas
Geraldine Kutas (ao centro) representou a indústria canavieira do Brasil em evento com outras entidades setoriais em Bruxelas

Representantes de alto-escalão do governo brasileiro e executivos de entidades setoriais do agronegócio e da indústria trabalharam intensamente durante a XXVIII rodada de negociação UE-Mercosul, em Bruxelas. As discussões travadas entre os dias 03 e 07 de julho focaram o desenvolvimento sustentável, facilitação de comércio e barreiras técnicas, mas a inclusão do açúcar e do etanol do Brasil na oferta europeia, embora não tenha sido colocada na mesa principal de negociação, foi um tema amplamente comentado em eventos paralelos e considerado uma condicionante para o sucesso do acordo comercial entre os dois blocos.

A proposta relacionada aos dois produtos foi debatida em diversos encontros organizados pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) em cooperação com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a Missão do Brasil junto à União Europeia e o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). No âmbito de uma parceria com a Apex-Brasil para promover a comercialização dos derivados sucroenergéticos em outros mercados, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), representada pela assessora sênior da presidência para Assuntos Internacionais, Géraldine Kutas, acompanhou de perto as negociações da mesa principal e marcou presença nos eventos promovidos na capital da Bélgica.

“Mesmo que o capítulo de bens não estivesse na pauta central, já que esse debate depende da entrega, por parte da União Europeia (UE), de uma oferta revisada para produtos sensíveis, dos quais o açúcar e o etanol fazem parte, a semana foi muito rica em eventos e conseguimos manter o segmento sucroenergético nacional no foco dos negociadores”, afirma a executiva. Uma nova rodada de negociação acontecerá na primeira semana de setembro deste ano, em Bruxelas, seguida de uma sessão formal em Brasília, entre os dias 06 e 10 de outubro.

Eventos

A participação do setor privado brasileiro nas discussões foi organizada pela CNI, que facilitou a presença de uma delegação formada por 40 executivos de diferentes setores da economia nacional em três reuniões realizadas na sede da Missão Brasil, braço do Itamaraty em Bruxelas. Em outro evento, a assessora sênior da UNICA participou do painel “UE-Mercosul: potencial inexplorado para a indústria, serviços e contratos públicos” junto a representantes da Eurochambres, CNI, Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), Câmara de Comércio do Uruguai e European Service Forum. Também houve uma sessão reunindo negociadores chefes do Acordo Mercosul-UE, um encontro entre a comitiva brasileira e o secretário de Comércio Exterior, Abrão Arabe Neto.

Ataque

No primeiro dia da XXVIII rodada UE-Mercosul, quatro entidades europeias (CEFS, CIBE, ePURE e EFFAT) do setor de açúcar e etanol publicaram um comunicado exortando a não inclusão desses dois produtos nas negociações entre Mercosul e UE. A justificativa dada pelos produtores do velho continente é de que o setor sucroenergético brasileiro estaria recebendo subsídios de 1,8 bilhão de dólares por ano. Isso constituiria, caso fosse verdade, práticas desleais de comércio. Dois dias depois, a UNICA enviou uma carta de resposta para os autores do comunicado contestando os valores declarados e providenciando os dados corretos. Quatro importantes canais de mídia repercutiram o documento (Politico, Agra Facts, Borderlex e Sugar Online).

“As entidades construíram uma linha de argumentação completamente errada. Eles utilizaram dados de um estudo feito em 2013 pelo consultor Patrick Chatenay para a American Sugar Alliance, material devidamente respondido pela UNICA já naquela época”, explica Geraldine Kutas.