Como era o setor sucroenergético na década de 1990, quando nasceu a Fenasucro
10-07-2017

Nos anos de 1990, o corte de cana era quase 100% manual e com cana queimada
Nos anos de 1990, o corte de cana era quase 100% manual e com cana queimada

Com o fim da tutela do governo, o setor precisou aumentar a eficiência, investindo em gestão profissional e tecnologia

Quando a década de 1990 chegou, a produção de cana no Brasil estava na casa das 300 milhões de toneladas, colhidas praticamente 100% queimadas e manualmente. Plantio mecanizado, nem pensar. A presença das máquinas era muito tímida nos canaviais, a força de trabalho era humana, o setor gerava emprego de forma direta ou indireta para quase 4 milhões de pessoas. São Paulo era o estado maior produtor e Paraná e Alagoas brigavam pelo segundo lugar. As cinco maiores unidades produtoras eram as unidades paulistas de: Da Barra, São Martinho, Santa Elisa, Vale do Rosário e a mato-grossense, Itamarati.

Quase todos os elementos do cenário davam a impressão de que a agroindústria canavieira iria permanecer na década de 1990 quase que imutável, no entanto, a desregulamentação do setor, iniciada no fim dos anos 80, que reduzia a intervenção do governo, foi o combustível que o setor precisava para se reinventar.

Esse processo de desregulamentação do Estado teve início em 1988, com o fim das quotas e do impedimento das exportações de São Paulo. Em 1989, o Instituto de Açúcar e Álcool (IAA) foi extinto. A desregulamentação continuou nos anos seguintes, com a liberação gradativa dos preços dos produtos. O primeiro a ser liberado foi o preço do açúcar (1990), seguido pelo do álcool anidro (1997), pelo da cana-de-açúcar (1998) e, depois, do álcool hidratado (1999). Consequentemente, surgiu um novo processo de delineamento das atividades da agroindústria sucroalcooleira e o planejamento e as atividades de produção e comercialização deixaram de ser orientados pelo governo e passaram a fazer parte da administração privada.

Ao mesmo tempo que o setor sofria com o distanciamento do governo, o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), vivia uma fase de baixa, de menor consumo e menor valorização do combustível verde. Havia uma superprodução de cana e os preços internacionais do açúcar estavam em baixa. Assim, os anos de 1990 impingiram um novo desafio ao setor: substituir a tutela do governo por melhorias na gestão, profissionalismo e investimento em pesquisas e tecnologias para melhorar a eficiência e reduzir custos de produção.
Muitas das empresas produtoras de açúcar e álcool não se acostumaram com a diminuição do protecionismo estatal, ampliando os problemas de endividamento, resultando em falência. Apesar dessas dificuldades, as empresas que sobreviveram à desativação do Proálcool modernizaram-se, passando de um setor totalmente atrelado ao governo para outro totalmente desregulamentado, inserindo-se numa economia de livre mercado.

O setor embarcou em uma significativa modernização tecnológica, envolvendo tanto as unidades processadoras, quanto o campo, refletindo diretamente no aumento da produtividade da terra e do trabalho. Passaram então a ser implementadas inovações gerenciais, pois empresas que eram tipicamente familiares, foram substituídas por técnicos contratados, e incorporações na esfera produtiva, progressos no campo da mecânica, da microeletrônica e da biotecnologia, mostraram-se cada vez mais presentes no setor.

Essa desregulamentação do setor sucroalcooleiro exigiu das usinas e destilarias a adoção de diferentes estratégias que visassem à competitividade entre as empresas através da diferenciação do produto e otimização nos sistemas logísticos como, por exemplo, com a certificação social, ou o investimento em projetos sociais e ambientais; oferta crescente de produtos de melhor qualidade; adoção de programas de qualidade total, certificação ISO 9000 e terceirização de atividades.
A necessidade de ser eficiente fez com que o setor valorizasse ainda mais o desenvolvimento da tecnologia sucroalcooleira. Para facilitar o acesso do setor às inovações tecnológicas e criar uma ponte de troca de conhecimento entre os profissionais da cadeia sucroalcooleira, dirigentes do Centro das Indústrias de Sertãozinho e Região (Ceise) criaram, em 1992, a Feira Nacional de Tecnologia Sucroalcooleira (Fenasucro).
No decorrer desses 25 anos de Feira, a denominação do setor passou de sucroalcooleiro para sucroenergético, o Ceise tornou-se Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (CEISE Br), em 2003 a Fenasucro ganhou o reforço da Agrocana - uma área dedicada a tecnologia agrícola canavieira - e teve o nome alterado para FENASUCRO & AGROCANA – Feira Internacional de Tecnologia Sucroenergética. Firmando-se cada vez mais como a maior vitrine de tecnologia sucroenergética do mundo.
Serviço:
25ª FENASUCRO & AGROCANA
Data: 22 a 25 de agosto de 2017
Horário: terça a sexta-feira das 13h às 20h
Local: Centro de Eventos Zanini – Sertãozinho/SP
Informações e credenciamento: www.fenasucro.com.br