Demanda mais fraca na Índia e no Brasil diminui déficit de açúcar na safra 2016/17
10-05-2017

Maior impacto vem da redução no consumo global de açúcar, que cresceu apenas 0,5% em relação ao ciclo 2015/16.

Com revisão da estimativa para a demanda global de açúcar – passando de 184,9 milhões de toneladas (projetados em fevereiro de 2017) para 183,6 milhões de toneladas – o déficit mundial deve ser menos expressivo, em 8,1 milhões de toneladas. Os números são da INTL FCStone que, em fevereiro, havia estimado o saldo negativo em 8,5 milhões de toneladas.

Os principais consumidores responsáveis pelo recuo na procura pelo adoçante foram Índia e Brasil, embora por motivos muito distintos. No caso da Índia, a quebra das últimas duas safras de cana-de-açúcar devido à escassez de chuvas nos principais estados produtores, culminou no aumento expressivo dos preços domésticos do adoçante. Além disso, a desmonetização implementada pelo governo indiano no final de 2016 reduziu drasticamente a disponibilidade de papel moeda e, mesmo que temporariamente, o poder de compra da população, o que acabou contribuindo para a redução nas compras de açúcar.

Para o Brasil, a recessão econômica profunda nos últimos dois anos, com decrescimento do PIB de 3,8% em 2015 e de 3,6% em 2016, teve grande impacto na atividade de todos os setores da economia e, consequentemente, no consumo de bens e serviços.

“Em comportamento semelhante às demais commodities, a procura por açúcar também apresentou retração, impactando significativamente a demanda global, o que é potencializado devido ao elevado consumo per capita deste produto no Brasil”, explica o analista de mercado da INTL FCStone, João Paulo Botelho.

Já pelo lado da oferta, cabe destacar que o grupo teve suas projeções ajustadas para a Tailândia, os Estados Unidos, México e Brasil. Para a Tailândia, a INTL FCStone aumentou em 6,1% sua estimativa de produção em relação à publicação anterior devido à produtividade agrícola melhor do que a esperada. Já para os dois países da América do Norte, a produção projetada foi reduzida em 4,3%, no caso dos EUA, e em 1,8%, para o México, devido à taxa de recuperação de açúcar abaixo das expectativas nos dois vizinhos.

Nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, o volume produzido foi reduzido para pouco mais de 3,1 milhões de toneladas, tel quel, recuo de 2,3% em comparação à última projeção. A retração se deve principalmente à escassez de chuvas ao longo do ciclo, condição desfavorável para a produtividade dos canaviais.