Em dez anos do Protocolo Agroambiental, setor canavieiro deixou de emitir 9,27 mi de toneladas de CO²eq com a colheita da cana
12-06-2017

Os setores Público e canavieiro comemoraram nesta terça-feira, 6, os dez anos do Protocolo Agroambiental que, entre outros avanços, evitou a emissão de mais de 9,27 milhões de toneladas de CO²eq e 56 milhões de toneladas de poluentes atmosféricos como monóxido de carbono, material particulado e hidrocarbonetos, originados pelo processo de queima. Os resultados foram apresentados pelos secretários de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, de Meio Ambiente, Ricardo Salles e pela presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Elizabeth Farina.

Atualmente, 131 usinas e 25 associações de fornecedores são signatárias do Protocolo, sendo responsáveis por 95% da produção paulista de cana-de-açúcar e 47% da produção nacional de etanol. Graças ao acordo, 94,3% da colheita da cana-de-açúcar das signatárias já é realizado sem o emprego do fogo.

Arnaldo Jardim destacou, durante a apresentação dos resultados a evolução tecnológica da colheita propiciada pelo Protocolo. Na safra de 2007/2008, havia 753 colhedoras de cana próprias e atualmente, são 3.080 colhedoras próprias e 667 terceirizadas utilizadas no processo. “Concretizamos efetivamente o avanço e as mudanças tecnológicas para o setor”, afirmou o secretário.

A adesão ao protocolo também beneficiou a produção de bioeletricidade, pois elevou a potência instalada de 1,8 MW para 5,2 MW. Atualmente, 76 usinas, o equivalente a 58% das usinas signatárias exportam energia para a rede de distribuição, em relação às 33 signatárias, correspondente 23,9% do total – que exportavam na ocasião do início do Protocolo.

O secretário destacou ainda a contribuição do setor e os desafios como a perda de produtividade entendimento com o setor, que superou as condições estabelecidas no acordo. “A agricultura é vanguardeira, e a questão ambiental foi definitivamente incorporada na indústria do setor e nos métodos de produção, desdobrando-se em outros aspectos como transporte, armazenamento e comercialização. Estamos buscando meios para que essa questão de protocolo se estenda a outros setores”, destacou Arnaldo Jardim.

A adesão ao Protocolo também propiciou uma redução de 40% do consumo de água utilizada para o processamento industrial da cana-de-açúcar, que era de 1,52m³ por tonelada de cana em 2007 e passou para 0,91m³ por tonelada na última safra. "O setor conseguiu obter ganho de produtividade com menor uso de recursos hídricos na indústria e atingir a meta de 97,4% de área sem a prática da queima”, afirmou Ricardo Salles.

Outra questão destacada pelo secretário de Agricultura foi o avanço da área agrícola comprometida com boas práticas, que aumentou de 2,68 para 4,90 milhões de hectares, abrangendo questões que vão além das regras de produção, como conservação de solo e água, eliminação do uso de fogo e recuperação de áreas ciliares. “Nesse aspecto, também tivemos uma parceria com o setor, sob orientação da Pasta do Meio Ambiente, para elaborar as regras de conservação do solo em áreas de plantio, discutindo novos parâmetros e a evolução que a tecnologia nos permite fazer”, explicou Arnaldo Jardim.

Para o futuro, explanou o titular da Pasta Agrícola, o setor tem como desafios incrementar a produtividade em três dígitos, a mitigação dos efeitos da mecanização. “Queremos avançar no tratamento e aproveitamento dos subprodutos, como a palha e vinhaça e a torta de filtro, além de fazer frente a novas questões como o combate a mosca-dos-estábulos, que exige uma ação rápido e efetivo”, finalizou.

Para Elizabeth Farina, há uma janela de oportunidades, na questão ambiental, quando as pessoas percebem que é preciso associar o valor econômico às mudanças. “É importante ter as regras ambientais, o conhecimento e a ciência para nos apoiar, mas é preciso fazer. Iniciativas como o Protocolo Ambiental mostram como o setor é moderno. Esse casamento que temos aqui das Pastas de Agricultura e Meio Ambiente é o que poderíamos imaginar para celebrar essa importante convergência”, afirmou.

Também participaram da apresentação o presidente do conselho da Unica, Pedro Mizutani; o secretário-adjunto de Agricultura e Abastecimento, Rubens Rizek Jr., o assessor do gabinete Sergio Murilo Hermogenes Cruz; o dirigente da Assessoria Técnica, José Luiz Fontes; e Francisco Graziano, que foi secretário da Pasta Estadual na época do início do Protocolo Agroambiental.

Por: Paloma Minke