Em Mato Grosso do Sul, plantio de cana com máquina entrega a mesma qualidade que plantio manual
27-07-2017

Mato Grosso Sul produz cerca de 50 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, figura como o 4º maior produtor de cana do Brasil, 5º de açúcar, 4º de etanol e 3º de bioeletricidade. Atualmente, conta com 20 usinas em atividade, e a cultura ocupa uma área de aproximadamente 800 mil hectares. Mas em um cenário de retomada do setor, o estado sul-mato-grossense se apresenta como uma das melhores opções para receber a nova expansão canavieira.

O Zoneamento Agroecológico da Cana-de-Açúcar (ZAE Cana) aponta que Mato Grosso do Sul possui a maior quantidade de áreas altamente aptas para a expansão canavieira, levando-se em conta as condições edafoclimáticas e de uso do solo, são 10,8 milhões de hectares. Desse montante, mais da metade, 6,2 milhões de hectares, é formada por áreas com excelentes condições de receber o plantio da cana e a instalação de usinas.

Entre as características do setor sucroenergético sul-mato-grossense, estão: ocupação em região com tradição em pecuária e grãos, propriedades com grandes extensões, pouca experiência na lavoura da cana, diversidade de culturas e 100% das operações agrícolas mecanizadas. A mecanização se deve à falta de mão de obra, mas, principalmente, por se tratar de produtores acostumados com o uso da máquina em suas outras atividades, como a lavoura da soja.

A grande expansão canavieira ocorrida na primeira década dos anos 2000 levou muitos profissionais do setor sucroenergético a se estabelecerem no estado, entre eles o engenheiro agrônomo José Trevelin Júnior, há 16 anos na região. Trevelin atuou por anos como gerente agrícola em usinas da região, aprimorando seus conhecimentos canavieiros e os adaptando às características de solo e clima sul-mato-grossense, com o objetivo de fazer com que a cana apresentasse bons resultados naquela região. Para produzir mais cana e melhor, Trevelin percebeu que: mais do que grandes investimentos, o que faltava era a adoção de uma gestão eficiente, com a aplicação de tratos culturais corretos, com acompanhamento próximo e constante do canavial.

Para disseminar o seu conceito, Trevelin montou a consultoria TCH Gestão Agrícola, que assessora o processo agrícola inteiro: preparo, tratos, variedades, plantio. “Nosso trabalho é próximo do cliente, ensinamos a fazer, fazemos juntos, trabalhamos até obter os melhores resultados. E eles têm sido bastante satisfatórios, temos áreas acima de 10 cortes com cana de três dígitos (100 tch)”, conta o diretor da TCH Gestão Agrícola.

Os produtores de cana formam a maioria dos clientes da TCH, que desenvolve uma parceria com a Associação dos Fornecedores de Cana-de-Açúcar do Estado de Mato Grosso do Sul (Sulcanas), visando aumentar a produtividade e a longevidade dos canaviais de seus associados. “São produtores de soja que passaram a também produzir cana. A Sulcanas conta com 28 associados, que juntos produzem 5 milhões de toneladas de cana”, conta Trevelin.

O plantio de cana em Mato Grosso do Sul também é 100% mecanizado, mas para Trevelin, nem por isso é sinônimo de maior custo. “Quando iniciamos com plantio com máquina, existia a ideia de que não entregava a mesma qualidade do plantio manual. O que acontece é que o plantio manual tem bastante gente envolvida e acompanhando de perto. E no mecanizado, achavam que a máquina fazia tudo sozinha. Isso não existe. Se não tiver comprometimento, monitoramento e gestão, perde qualidade por questão de falha. Nós intensificamos a operação, acompanhamos todo o processo, aumentamos o comprometimento com a qualidade e alcançamos um nível igual ao do obtido no plantio manual. Quebramos o tabu que plantio mecanizado não tem o mesmo nível do manual.”

Em Mato Grosso do Sul, nas áreas em que o plantio é realizado por usinas, a média é de 15 a 18 toneladas de cana-muda utilizadas por hectares, no plantio de fornecedores, a média cai para 12 toneladas. Segundo Trevelin, a plantadora mais utilizada é a PCP 6000, plantadora de cana picada produzida pela DMB Máquinas e Implementos Agrícolas, de Sertãozinho, SP. Essa plantadora não é automatizada, tem a necessidade de operador. “O plantio com máquina automatizada ainda é pequeno na região, só cerca de 10%. É que o parque de máquinas é novo, então vai demandar um tempo para automatizar tudo”, diz Trevelin.

Mas o consultor sabe que a tendência é por aquisição de plantadoras automatizadas, que, segundo ele, oferecem a mesma qualidade, porém com menor custo. Trevelin salienta que a diferença da plantadora automatizada não se resume ao fato de não ter mais operador, e que na verdade, recebeu uma série de recursos, como câmeras e sensores, tudo para melhorar e facilitar a operação. “O plantio mecanizado de cana é uma realidade, veio para auxiliar o desenvolvimento do setor e a automatização faz parte da evolução desse processo.”