Energia elétrica gerada pela cana-de-açúcar pode crescer
07-10-2016

A produção de energia elétrica a partir da cana-de-açúcar tem potencial para crescer significativamente ao longo dos próximos anos. Por ser uma energia limpa e renovável, a utilização destas fontes é vista como promissora no Estado por atender o acordo firmado durante a Conferência do Clima (COP 21) e as metas estabelecidas para conter a emissão dos gases do efeito estufa. Em Minas Gerais, das 35 usinas de cana-de-açúcar em funcionamento, 22 estão gerando energia para o sistema elétrico e mais duas iniciarão o fornecimento em 2017.

O assunto foi discutido no 1º Seminário Mineiro de Bioeletricidade – A Energia Elétrica da Cana-de-Açúcar, promovido pela Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), ontem (5), em Belo Horizonte. O seminário teve como objetivos gerar negócios, divulgar informações sobre a produção de energia no setor e tentar inserir a pauta na esfera pública.

“A divulgação é fundamental para que todos conheçam nossa capacidade de produção de energia e de crescimento, uma vez que quando se fala em energia limpa, só se lembra da solar e da eólica. É importante mostrar que somos uma realidade e temos grande potencial para crescer”, explicou o presidente-executivo da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais, Mário Campos.

O setor sucroenergético é fundamental para a economia do Estado e de vários municípios. Somente as 35 usinas em funcionamento são responsáveis pela geração de 61 mil empregos diretos em mais de 120 municípios canavieiros. Para Campos, Minas Gerais tem enorme vocação para a produção de energia.

Ele ressalta que no setor sucroenergético os investimentos realizados quadruplicaram a produção de cana em pouco mais de 10 anos e, hoje, estamos moendo cerca de 65 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, produzindo 3 bilhões de litros de etanol e 3,5 milhões de toneladas de açúcar. Os subprodutos gerados na fabricação do açúcar e do etanol podem ser utilizados na produção de energia, o que gera mais receita.

De acordo com Campos, no Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica, o potencial do setor sucroenergético é de aumentar em seis vezes a geração de energia no País, em relação ao que é gerado hoje pelo setor.

“No Brasil, cerca de 5% de toda energia consumida vem das usinas de cana. Essa geração, em Minas Gerais, foi responsável por suprir a energia em torno de 1 milhão de residências em 2015. No País, o volume equivale ao consumo de cerca de 10 milhões de residência”.


.O ambiente é favorecido pela geração da energia limpa. Por ser renovável, esta energia leva à mitigação de CO2. De acordo com o Siamig, somente em Minas Gerais foram atenuadas 800 mil toneladas de CO2 em 2015, com a geração da energia limpa. O que é equivalente ao plantio e cultivo de 5,6 milhões de árvores ao longo de 20 anos.

Outros pontos positivos para a geração da energia elétrica proveniente da cana-de-açúcar é a produção próxima aos grandes centros de cargas e por ela ter caráter complementar com a hidroeletricidade, que é a principal fonte do País. A produção desta energia ocorre no período mais seco, quando o sistema hidroelétrico esta sobrecarregado.

A geração de energia no setor sucroenergético será favorecida pelas metas estabelecidas na Conferência do Clima (COP 21), que entrarão em breve em vigor. Dentre elas, duas são importantes para o setor.

A primeira é a energia elétrica produzida a partir de fontes renováveis. “Teríamos que passar dos atuais 11% de participação na matriz elétrica brasileira para 23% em 2030, somando biomassa, eólica e solar, ou seja, o setor tem potencial muito grande”, disse Mario.

A segunda é a produção de biocombustível, que teria que passar dos atuais 9% para 18% em 2030, o que seria equivale em aumentar o consumo de etanol em 30 bilhões de litros ao ano para 54 bilhões de litros em 2030.

“Para colocarmos os planos em prática e ampliar a produção de energia limpa no setor será preciso um planejamento energético conjunto para o etanol e a bioeletricidade. Além disso, é necessária a volta da credibilidade e da confiança. Com isso, a gente terá um cenário encorajador para o aumento dos investimentos do setor. Também é preciso de parcerias feitas entre o setor elétrico e os fundos de investimentos”.

Outro ponto importante são os financiamentos. Campos destaca que, no mundo, vários agentes financeiros já trabalham com linhas específicas e com juros diferenciadas para projetos de geração de energia através de fontes limpas.