“Era o quintal da minha casa. Hoje, é meu local de trabalho”
19-04-2017

Na antiga estação experimental do Instituto Agronômico (IAC), localizado em Ribeirão Preto, SP, o técnico agrícola Emílio Dinardo trabalhava diariamente montando experimentos em cana-de-açúcar. A fazenda em questão não era apenas seu local de trabalho, mas também seu lar. Foi ali, inclusive, que virou pai. Nomeada como Leila Luci Dinardo-Miranda, a jovem cresceu tendo a estação experimental como sua casa.

Sempre ao final dos turnos, por volta das 16h30, Leila saia de sua casa para brincar com as outras crianças. Ali, passavam pelos experimentos, que sempre atraíam sua atenção. “Uma das minhas mais vívidas lembranças era dos ensaios de arroz, pois eles tinham tamanhos e cachos diferentes. Tudo aquilo era muito interessante para mim”, conta.

E parece que tanto contato com o meio rural acabou moldando a personalidade e aspirações da jovem Leila que, quando chegou a hora de escolher um curso de graduação, optou pela agronomia. “Foi uma opção natural para mim, tanto que se eu tivesse que escolher novamente, teria feito agronomia outra vez.”

Ainda na época de faculdade, Leila começou a realizar pesquisas com pragas e nematóides em cana-de-açúcar. Área esta que nunca mais deixou. “Fiz estágio nesse segmento por puro acaso, pois tinha um colega estagiário no departamento de entomologia da UNESP de Jaboticabal que me disse que o professor estava procurando por outro aluno.”

Quando se formou, Leila foi contratada pela antiga Copersucar, onde ficou por oito anos trabalhando na área de entomologia. “Após esse período, terminei meu mestrado e doutorado, até que entrei no Instituto Agronômico, primeiramente trabalhando em Campinas, depois Piracicaba e, por fim, em Ribeirão Preto.”

Hoje, Leila comanda o programa de manejo integrado de pragas e nematoides do Centro de Cana do IAC, e se esforça mostrar ao setor a importância de se realizar um correto manejo desses insetos. “Infelizmente, o setor não está maduro nesta questão. Muito pelo contrário. Ele vem andando para trás nos últimos anos.”

Segundo ela, isso vem ocorrendo devido à crise instaurada, que impede a contratação de mão de obra para amostragem, etapa extremamente importante no manejo de pragas. “Como as amostragens não estão sendo feitas, ou feitas precariamente, as usinas trilham um caminho errado, estão aplicando inseticidas sem ao menos saber se tem praga na área. Além disso, caso acertem o local infestado, acabam aplicando o produto exageradamente ou na época errada.”

Leila explica que os inseticidas são ferramentas maravilhosas e que devem sim ser utilizados, mas não de forma contínua e sem nenhum critério. “Isso pode trazer graves problemas futuramente, pois poderemos ter populações mais resistentes a esses produtos, que passarão a não ser mais efetivos.”

A pesquisadora conta que essa conscientização tem sido uma de suas principais tarefas no IAC. “Temos métodos de controle muito eficientes, mas as usinas acabam usando de forma não muito técnica, porque elas não têm informação de base e de amostragem para utilizá-los corretamente. Isso é o que eu venho tentando frisar nas assessorias, cursos e palestras promovidas pelo Instituto”, finaliza Leila.

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