Ergonomia
07-04-2014

* Fabiane Maria Zat

As constantes modificações e exigências das Normas Regulamentadoras (NRs), as fiscalizações, os custos e as responsabilidades legais sobre o adoecimento, as certificações e até as fusões entre organizações, têm criado demanda para a implantação de programas de gestão em ergonomia. Nisto vem à tona algumas questão que serão discutidas ao longo deste artigo. Como: Quais as prioridades que devem ser consideradas? Como estruturar a gestão em ergonomia de forma viável e compatível à realidade da empresa? Como as sistematizações das ações em ergonomia auxiliam no cumprimento da legislação, respaldo para fiscalizações e ações trabalhistas?

Quanto às prioridades relacionadas à ergonomia, deve-se avaliar a realidade e os interesses da empresa e então definir como e quais serão suas ações norteadoras. O caminho mais recomendado é de se iniciar com a análise ergonômica das funções de trabalho e elaboração do laudo ergonômico. Com base nas análises temos um mapeamento das condições ergonômicas dos postos de trabalho e o risco das funções para o desenvolvimento de lesões. Após esta etapa, de acordo com as prioridades de cada empresa pode-se optar por duas alternativas: A primeira é realizar as adequações ergonômicas apontadas no laudo, realizar uma análise pós-intervenção, documentar e anexar ao laudo, também é necessário realizar treinamento de conscientização com os trabalhadores.
Imagem balança: É preciso se adequar para ficar dentro da lei

A segunda alternativa é implantar um programa de gestão em ergonomia, que é a estruturação da Ergonomia sob a forma de um Sistema de Gestão, abordando os problemas ergonômicos de acordo com a necessidade e gravidade. É fundamental criar dentro da organização cultura ergonomizadora e uma das formas mais eficazes de se fazer isso é com a criação do Comitê Ergonômico (COERGO), que é um grupo formado dentro da empresa para entender, acompanhar, interagir e buscar soluções para os problemas ergonômicos existentes de forma gradativa e sistemática, evitando esforços isolados.

A formação do COERGO tem inicio com a escolha dos membros, com representantes dos principais setores da empresa, membros da segurança, saúde ocupacional, diretoria, produção e o ergonomista. Nas reuniões mensais, os membros do COERGO recebem treinamento de ergonomia, para que sejam olhos e braços do programa, auxiliando os demais trabalhadores e apontando novos problemas. Também ficam a par das análises realizadas, traçam o plano de ação e participam das soluções ergonômicas. Além da melhoria das condições de trabalho, o COERGO tem papel fundamental para sistematização e otimização das ações, multiplicação das informações e continuidade do programa.

Com a estruturação das ações em ergonomia, consegue-se trabalhar de forma gradativa e contínua a adequação das exigências legais relacionadas, bem como produzir documentação comprobatória das ações que a empresa desenvolve para minimizar os efeitos nocivos do trabalho e promover a qualidade de vida de seus colaboradores. As quais devem respaldar a empresa nas fiscalizações e ações trabalhistas.

Para ilustrar parte do trabalho de atuação em ergonomia, destacamos duas adequações ergonômicas realizadas de forma simples e eficaz, considerando as características antropométricas dos trabalhadores e o conhecimento da função:


SITUAÇÃO I: Plataforma de apoio para os pés.

Benefícios: Apoio estável para os pés, reduzindo a fadiga de membros inferiores e pressão na coluna lombar.



SITUAÇÃO II: Implantação de Bancada

Benefícios: Com a eliminação da flexão de membros inferiores e de tronco houve a redução do risco ergonômico, para dores e lesões, especialmente da coluna.

O processo de adequação do local de trabalho é uma tarefa coletiva. Quanto mais ativa for à participação do COERGO e dos trabalhadores, maior será o comprometimento e a adesão as mudanças. Todo o processo de adequação ergonômica deve vir acompanhado de medidas educativas e de conscientização, assim como a implantação de outras medidas de saúde e qualidade de vida no trabalho.