Estiagem pressiona aumento do preço do etanol nas usinas
03-07-2014

As consequências da estiagem nas lavouras da cana-de-açúcar pressionam para uma alta no preço do etanol. Nas usinas, o preço do combustível teve altas consecutivas nas últimas cinco semanas - 3% no total.

Para o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq-USP, a estiagem prolongada alterou a programação de moagem, fazendo com que as usinas reduzam o ritmo de colheita para não avançar em áreas em que as plantas ainda não atingiram maturação.

O objetivo é deixar a cana mais tempo no cultivo para obter maior concentração de açúcar e rentabilidade.

A Unica (entidade das usinas) afirmou que a estiagem teve impactos na safra.

"Por um lado, [a estiagem] favoreceu a operacionalização da colheita, mas por outro prejudicou severamente o desenvolvimento da planta, intensificando a quebra agrícola", afirmou em nota o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues.

Se a tendência de alta do preço do etanol nas usinas for mantida, o aumento deve ser repassado ao consumidor.

Pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) apontou variações positivas nas últimas quatro semanas no preço do etanol.

Atualmente, o preço do etanol nos postos ainda é estável, com o custo médio de R$ 1,955, em Ribeirão Preto.

O preço é considerado vantajoso em relação à gasolina, que está sendo vendida em média a R$ 2,960, segundo levantamento da ANP. O álcool é vantajoso ao consumidor se seu preço for menor ou igual a 70% do valor da gasolina.

O presidente do sindicato dos postos de combustíveis em Ribeirão, Oswaldo Manaia Júnior, afirmou que, no momento, não há previsão de alta nos postos.

"É algo impensável falar em alta do etanol neste período", afirmou.

Para Manaia, este aumento é considerado muito baixo e não deve refletir na bomba.

Para o presidente da UDOP (União dos Produtores de Bioenergia), Celso Torquato Junqueira Franco, a alta do etanol é um reajuste necessário no mercado, depois de quedas consecutivas registradas no mês de maio.

No entanto, ele afirmou que a estiagem deve prejudicar a produção do etanol.