Etanol de Cana e de Milho
16-01-2015

Segundo Jaime Finguerut, assessor técnico da presidência do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira), a produção de etanol no Brasil a partir de cana permite que o combustível produzido tenha de oito a 11 vezes mais energia do que os combustíveis fósseis utilizados em toda a cadeia. Esta faixa é no mínimo três vezes melhor do que a melhor produção de etanol de milho nos EUA, que é maior produtor mundial do biocombustível, seguido pelo Brasil. Este balanço se deve às várias e diferentes formas de fazer a colheita e de fazer o reciclo dos nutrientes da usina de volta à lavoura.
O etanol brasileiro, produzido de cana, apresenta vantagens econômicas e ambientais claramente documentadas em relação ao etanol produzido de outros insumos. O balanço energético do etanol brasileiro, ou a proporção entre a energia fóssil utilizada para produzi-lo e a energia contida no combustível produzido, é altamente positivo. São nove unidades de energia renovável para cada unidade de energia fóssil utilizada na produção.
Segundo o World Watch Institute, esse índice é cerca de quatro vezes superior ao do etanol produzido no continente europeu, e quase cinco vezes maior que o do etanol produzido a partir do milho. O Departamento de Energia dos EUA informa que, a produção de gasolina e de diesel, além de não produzir energia renovável, apresenta eficiência energética negativa – cada unidade de energia fóssil consumida no ciclo de produção gera em torno de 0,8 unidades de energia fóssil. Em relação à emissão de gases causadores do efeito estufa, segundo diversas estimativas calculadas com base na análise de ciclo de vida do produto (well-to-wheel analysis), o etanol brasileiro de cana-de-açúcar reduz as emissões em cerca de 90% comparado com o uso da gasolina. Considerando o etanol de milho, a mitigação das emissões de GEE é de 12%.
De acordo com a Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), o balanço de energia para converter o milho em etanol é negativo (1,29:1), ou seja, para cada 1 kcal de energia fornecida pelo etanol, gasta-se 29% a mais de energia fóssil para produzir o álcool. Já o balanço energético da cana é positivo (1:3,24), sendo que para cada 1 kcal de energia consumida para produção de etanol, há um ganho de 3,24 kcal pelo etanol produzido. Além disso, um hectare de cana produz três vezes mais álcool por área do que um hectare de milho. A cana gasta quatro vezes menos energia do que o milho - 1,6 bilhões de kcal para a gramínea ante 6,6 bilhões para o grão.
Mas a queda ocasional do preço mundial do milho tem incentivado o desenvolvimento de plantas de etanol de milho no Brasil. Jaime Finguerut explica que a produção de etanol de milho em algumas regiões do Centro-Oeste se deve a um desbalanceamento entre a produção e a demanda do grão e principalmente devido ao alto custo logístico nestas regiões.
Em resumo, salienta Finguerut, o etanol de milho no Brasil só se justifica em momentos de superprodução e, portanto, de baixos preços do grão, que dependerá muito de fatores externos incontroláveis. Mesmo assim é possível hoje, por exemplo, comprar milho barato, estocá-lo e produzir economicamente etanol de milho, inclusive em usinas de cana situadas em regiões de alta produção de milho, tornadas flexíveis com a adição de alguns novos equipamentos. Isso é vantajoso também para a usina pois, com o milho, os equipamentos da usina são usados também na entressafra de cana quando o preço do etanol é maior.
“Do ponto de vista de emissões, os produtores pioneiros estão usando resíduos de cana (bagaço) ou cavacos de eucalipto, portanto biomassas sem emissão líquida de CO2, como combustível energético para o processamento do milho. Além disso, na produção do grão há maior uso de produtos químicos por hectare do que na cana, embora já estejam sendo usadas práticas conservacionistas como plantio direto, que reduzem emissões”, diz Finguerut.
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