Etanol: Incentivo a motores com maior eficiência – Paulo Costa
04-07-2014

A notícia: “O governo poderá reduzir as alíquotas do IPI para veículos com motor flex que tiverem relação de consumo entre etanol hidratado e gasolina superior a 75 por cento, conforme publicado nesta sexta-feira no Diário Oficial da União. Para criar essa possibilidade de redução do imposto, o governo está alterando a lei que instituiu o Inovar-Auto (Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores). Ao estabelecer que o benefício poderá ser dado a veículos com motor flex com relação de consumo entre etanol hidratado e gasolina superior a 75 por cento, a medida especifica que não poderá haver ‘prejuízo da eficiência energética da gasolina nos veículos novos’. A medida está sendo adotada no contexto da discussão no governo sobre o aumento da mistura do etanol anidro à gasolina. A partir dessa semana, o governo começou a fazer testes com duração de dois meses em diferentes tipos de veículos para analisar a viabilidade técnica do aumento de mistura do etanol anidro à gasolina em percentual superior ao atual, de 25 por cento.” (Fonte: Reuters, encontrada em Exame.com de 20-06-2014).

O comentário: Que notícia boa! Em primeiro lugar o governo, com esta medida, desconstrói o mito dos “70%” que foi criado para estabelecer um padrão para a relação do consumo de etanol versus o da gasolina. Tanto a indústria automobilística como o setor produtivo do etanol preservaram este “mantra” enganoso que a eles interessava, particularmente para aquelas montadoras que não tem um só modelo que atinja este patamar. Na verdade a diferença no desempenho dos motores “flex” na relação etanol/gasolina ocorre em grande escala, dependendo de inúmeras variáveis desde a própria configuração técnica dos propulsores até a incontrolável qualidade do etanol e da gasolina encontrada em diferentes postos de combustíveis. Outro ponto positivo é provocar este estímulo para que a indústria automobilística trabalhe na questão da eficiência.

Importante que esta medida seja acompanhada de um sistema objetivo e transparente de fiscalização para que atinja suas metas. Também alvissareiro o estudo que faz o governo para verificar a viabilidade do aumento da mistura dos atuais 25% (em vigor desde 1º. de maio de 2013) de etanol anidro na gasolina, para o nível 27,5%. O setor automotivo é contra tal mudança por entender que afeta o desempenho dos motores a gasolina. Por isso são necessários os testes ora sendo feitos; porém saiba-se desde já que quando se diz 25% estamos falando de 24 a 26%, conforme a ANP (Agencia Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Então, se 26% pode, será que 27,5% também pode, Arnaldo? O importante é fazer a regra clara!

Paulo Costa é especialista em agronegócios e bionergia, consultor senior de AgropCom. Possui mais de 37 anos de experiência nos setores agro, energia e logística, tendo ocupado cargos de direção em grandes empresas. pfscosta@pfscosta.adv.br