Etanol pode ajudar a Argentina a superar crise de energia
09-10-2014

Parte da crise energética que tanto tem preocupado os argentinos, no que depender dos produtores de etanol, pode estar com os dias contados. Foi com essa expectativa que o mercado local recebeu a notícia de que o governo aumentou o percentual da mistura de biocombustível na gasolina, dos atuais 8% para 9% agora em outubro, 9,5% em novembro e 10% em dezembro de 2014.

Além de fomentar o agronegócio local e beneficiar o meio-ambiente, a mudança na mistura deve gerar uma economia considerável e “bem vinda” aos cofres públicos argentinos. De acordo com informações do governo da presidente Cristina Kirchner, a maior adição do biocombustível produzido permitirá uma redução no déficit da balança comercial do país que, somente com a importação de gasolina, teve um gasto de US$ 12 bilhões em 2013. Para este ano, a previsão é de algo em torno de US$ 13 bilhões.

Com a mudança, espera-se uma demanda anual de etanol da ordem de 800 mil toneladas, um aumento de quase 20% na produção atual. Espera-se que a mudança traga também uma mudança na precificação no mercado doméstico de etanol, cujos valores são fixados pela Secretaria de Energia daquele país. A expectativa é que sejam desenvolvidas novas fórmulas, diferenciando-se o preço do etanol de milho do de cana-de-açúcar, ressaltando que cada uma dessa matérias primas responde por cerca de 50% da produção nacional do biocombustível.

A adoção de etanol como combustível na Argentina começou em 2010, com a construção de nove usinas de cana-de-açúcar. Em 2013, após um investimento de quase 800 milhões de dólares, cinco novas unidades industriais de biocombustível a partir do milho foram construídas no país. Toda a produção é utilizada internamente.

Para o diretor Executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Eduardo Leão de Sousa, os argentinos podem mirar o exemplo brasileiro de como aproveitar os benefícios do etanol. Segundo Sousa, a tecnologia flex e a mistura obrigatória vigente de 25%, já permitiu a substituição de mais da metade do consumo brasileiro de gasolina. Atualmente, o etanol responde por cerca de um terço do consumo dos veículos leves no País e continua em análise a possibilidade deste nível de mistura atingir 27,5% na próxima safra.

“Com a mistura e os carros flex todos ganham: o produtor, pela maior diversificação da renda, o governo, pelos benefícios econômicos, sociais e ambientais, e mais ainda a população, por ter acesso a um combustível renovável e menos poluente. No Brasil, mesmo com a crise atual do setor sucroenergético, o etanol continua competitivo em relação à gasolina em diversas regiões do país, principalmente naqueles estados que reconhecem o benefício do biocombustível e praticam uma política tributária diferenciada para o etanol” explicou o executivo.