FNL bloqueia a entrada de usina em Mirante do Paranapanema
24-08-2016

Grupo reivindica as áreas usadas para o plantio de cana-de-açúcar

Veículos de grande e pequeno porte são impedidos de entrar na unidade.

Na manhã desta segunda-feira (22), integrantes da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL) bloquearam a entrada de uma usina no km 13 da Rodovia General Euclides de Oliveira Figueredo (SP-563), em Mirante do Paranapanema. De acordo com a coordenadora regional do movimento, Edna Torriani, o ato visa a reivindicar as áreas usadas para o plantio de cana-de-açúcar na região e pede pelo fim da corrupção e pela aceleração da reforma agrária.

Conforme Edna, cerca de 70 pessoas, com faixas e bandeiras, fazem parte do ato que segue pacífico. “Não deixaremos os veículos de grande e pequeno porte passarem nem os funcionários. Nosso ato é contra as usinas que beneficiam apenas a si e aos grupos que nelas trabalham”, afirmou ao G1.

Segundo a coordenadora, a ação reivindica as áreas que possuem plantação de cana-de-açúcar na região do Pontal do Paranapanema. “Essas terras não favorecem aos assentados, pois poderiam ser cedidas para quem precisa. Mesmo com essas plantações, o etanol e o açúcar na região continuam com o preço alto. Nossas famílias acabam sendo esquecidas”, ressaltou.

Outro ponto mencionado por Edna ao G1, como motivação do ato, é o pedido pelo fim da corrupção no país. “O dinheiro que é obtido na Operação Lava Jato poderia ser revertido para a reforma agrária, para ajudar na aceleração e no desenvolvimento, mas o que vemos é apenas mais corrupção”, salientou a representante do grupo.

Manifestantes afirmaram que não há horário previsto para deixarem o local.

De acordo com as informações da Polícia Militar, o grupo segue com o ato de forma pacífica, mas não foi contabilizado o número de integrantes.

FNL

Em nota, a FNL informou que "a reforma agrária continua paralisada em todo país, as terras indígenas sem demarcação, os quilombolas sem perspectivas de ver suas terras regularizadas".

O movimento ainda ressaltou em nota que "o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) está entregue ao aparelhamento político, que nada entende de reforma agrária. Embora quem comande a autarquia (Incra) seja de alta competência e comprometido com a causa, mas sem orçamento, sem planejamento e autonomia, o piloto desta nave não tem como fazer seu pouso seguro".

Outro lado

Por meio de nota, a Odebrecht Agroindustrial, responsávela pela usina em Mirante do Paranapanema, informou ao G1 que a unidade Conquista do Pontal confirma que militantes da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade ocupam, neste momento, a faixa de entrada que que dá acesso às operações industriais da empresa no município.

Ainda segundo a empresa, a ocupação "gera transtornos à operação da unidade, pois impede a entrada e saída tanto de integrantes da empresa, como de caminhões de carga de cana".

A unidade informou ao G1 que já solicitou à Justiça a liberação do acesso e tomou "as providências necessárias para garantir a segurança de seus integrantes e da comunidade".

A unidade Conquista do Pontal emprega 1.500 pessoas diretamente e mais de 4 mil pessoas indiretamente.

Itesp e Incra

O G1 solicitou um posicionamento sobre o assunto à Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) e ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O órgão estadual alegou que o assunto é de competência do Incra.

Já o órgão federal alegou que não existe processo de desapropriação ou de compra em relação à área da usina em Mirante do Paranapanema.

"Lembramos que ocupações deste tipo impedem o Incra de vistoriar, avaliar ou desapropriar o imóvel rural pelo período de dois anos a partir de sua desocupação, conforme a Lei 8.629/93 (artigo 2º, parágrafo sexto). Destacamos que o Incra/SP mantém postura de diálogo com todos os movimentos sociais do Estado, em reuniões nas quais esclarecemos com transparência a possibilidade de arrecadação dos imóveis reivindicados", salientou o Incra, em nota ao G1.