Indústrias fecham 1.006 vagas na região
22-08-2014

A indústria da região de Ribeirão fechou 1.006 vagas de emprego em julho e contribuiu para a pior geração de empregos de janeiro a julho desde 2009, quando o país sentiu os efeitos da crise financeira mundial.

Franca foi o município que mais contribuiu com o fechamento de vagas na indústria, com a perda de 478 postos de trabalho (47,5% do total), segundo os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego.

A principal atividade industrial na cidade é a produção de calçados. Segundo o presidente do Sindifranca (sindicato das indústrias calçadistas de Franca), a previsão é que haja mais demissões nos próximos meses.

"As empresas fizeram acordos e deram férias coletivas para evitar uma demissão ainda maior, mas não vão conseguir segurar por mais tempo. O consumo está muito baixo", disse Couto.

Sertãozinho, polo de produção de máquinas e equipamentos para a indústria sucroalcooleira, fechou 222 postos de trabalho.

Segundo Antonio Eduardo Tonielo Filho, presidente do Ceise-Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis), essa é a pior crise do setor, que em quatro anos perdeu 50% de seu faturamento e que se agravou neste ano.

"As usinas não estão reformando ou trocando seu maquinário, por isso, o setor está desaquecido. A demissão é um ajuste dos empresários à situação econômica", disse Tonielo Filho.

Além do fechamento de vagas na indústria, o comércio também perdeu 42 vagas no mês de julho na região.


Resultado ruim

Professor de economia da USP Ribeirão, Sérgio Sakurai diz que os dados são preocupantes por virem de uma sequência de quedas na geração de empregos na região.

Nas dez maiores cidades da região, foram criados 21.511 postos de trabalho --diferença entre as admissões e desligamentos no período--, segundo os dados do Caged.

O número de vagas criadas no período foi o menor desde 2009, quando o país sentiu os efeitos da crise econômica internacional deflagrada no ano anterior.

A criação das vagas na região em julho foi 75% menor do que no mês anterior. E 35,4% menor do que o das vagas criadas em janeiro.

Além do cenário internacional estar desfavorável, a alta inflação, a baixa confiança dos empresários e o endividamento das famílias são responsáveis pela diminuição da geração de emprego, segundo o especialista.

"O mais preocupante é que não há nenhum indicador que sinalize que o segundo semestre possa ter resultados melhores para a economia brasileira. Estamos no sinal amarelo", disse Sakurai.

Isabela Palhares