Investimento socioeconômico na pauta da Índia
14-07-2014

Ambiente de negócios necessita de mais estímulo, assim como o país luta para reduzir taxa de pobreza

Apontada pelos analistas em relações internacionais como a mais democrática e com uma política externa mais ativa que seus colegas do Brics, a Índia ocupa, atualmente, a posição de décima economia mundial em termos de Produto Interno Bruto (PIB) nominal (calculado a preços correntes, sem descontar a inflação) e a terceira em paridade de poder de compra, bem como a terceira mais desenvolvida da Ásia, atrás apenas da vizinha China e do Japão.

Embora no ano passado a taxa de crescimento do país tenha ficado na casa dos 5%, a segunda maior entre os integrantes do grupo de emergentes - perdendo somente para a China -, a economia indiana desacelerou para o ritmo mais baixo em uma década, revelando, dessa forma, falhas no governo em conseguir atuar de forma eficaz nas reformas que encorajariam os investimentos e a performance da sua indústria.

Nesse sentido, para os especialistas consultados, o que a Índia precisa é melhorar o seu ambiente de negócios. Entre 2006 e 2013, ela caiu de 116º para 134º no ranking sobre "facilidade de fazer negócios", entre 189 países, divulgado pelo Banco Mundial, evidenciando, assim, a necessidade dessas reformas. Conforme apontam os estudiosos, melhorias significativas poderiam ser alcançadas ao alterar as regras para acelerar a aprovação de licenças ambientais e simplificar a regularização do trabalho.

Ao mesmo tempo, destaca Carlo Patti, professor do Instituto de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e pesquisador do Brics Policy Center- entidade dedicada ao estudo dos emergentes -,o país ainda convive com uma forte desigualdade social.

Bolsões de pobreza

"Este não é um problema exclusivo da Índia no contexto do Brics. Brasil, China e África do Sul também têm. Existem enormes bolsões de pobreza espalhados por todo o país, e este um dos seus grandes desafios na perspectiva de avanço e modernização, o que pode desencadear possíveis protestos pontuais", relata o especialista.

Nesse contexto ganha destaque a necessidade de melhorar a quantidade e a qualidade da educação e da saúde, a fim de desencadear um processo de crescimento econômico e de desenvolvimento mais sustentável.

De fato, explica Patti, o rápido crescimento da população indiana resulta em maior necessidade de investimentos sociais, ambientais e econômicos por parte do governo.

Tecido produtivo

Analisando o tecido produtivo da Índia, o setor de serviços foi o principal impulsionador do avanço da sua economia nas últimas duas décadas, embora ainda seja um país fortemente agrário, com mais de 50% dos empregos gerados sendo provenientes do setor de serviços. Já a indústria permaneceu praticamente estável, não saindo de uma participação de 25%.

Os produtos agrícolas mais comuns são: arroz, trigo, algodão, chá, cana-de-açúcar, juta, sementes oleaginosas, especiarias, legumes e verduras. As criações de aves, cabras, ovelhas, búfalos e peixes também se destacam. Na mineração, o principal item é o minério de ferro, embora também sejam explorados carvão, diamante, cromita e asfalto natural.

Quanto à indústria indiana, embora pouco tenha avançado em participação, esta está cada vez mais diversificada. As áreas que mais se desenvolvem são aço, equipamentos e máquinas, cimento, alumínio, fertilizantes, têxteis, juta, biotecnologia, produtos químicos, softwares e medicamentos. "O mercado de tecnologia é um dos destaques. Atualmente, os grandes grupos internacionais já operam no país", afirma Patti.

Apelidada de Bollywood, em referência à cidade de Bombaím (antiga Mumbai) e a Hollywood (berço da indústria cinematográfica norte-americana), outro destaque da economia indiana é a indústria cinematográfica. O país é o que mais produz filmes anualmente.

Entretanto, apesar do grande crescimento econômico da Índia nos últimos anos, o governo continua gastando mais do que arrecada, o que aumenta a dívida externa do país, pressionando ainda a inflação. (ADJ)