Leilões regulados e Renovabio são estratégicos para revitalização do setor
12-06-2017

Incentivar a contratação da bioeletricidade sucroenergética em leilões regulados pelo governo federal e dar continuidade ao processo de aprovação do Programa RenovaBio representam duas medidas de suma importância para a recuperação econômica da indústria canavieira e o desenvolvimento sustentável do Brasil. Esta foi a constatação do subsecretário de Energias Renováveis de São Paulo, Antonio Celso de Abreu Jr., e do diretor Comercial da empresa Zanini Renk, Eduardo Martinez, em visita à unidade da companhia, na última quarta-feira (07/06), em Cravinhos (SP).

Durante o encontro organizado no interior paulista, do qual também participaram o gerente em Bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Zilmar de Souza, e o diretor de Tecnologia e Regulação da Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), Leonardo Caio Filho, o subsecretário do governo de SP enfatizou o fato da cadeia produtiva da biomassa sucroenergética ser uma importante geradora de emprego e renda.

"É um setor que trabalha enxergando não só o mercado interno como o externo. A palha e o bagaço da cana constituem um grande negócio do Estado de São Paulo na área energética, promovendo a interiorização do mercado da energia renovável em centros de excelência como este que visitamos hoje”, apontou Antonio Celso Jr.

Em sintonia com o subsecretário, os representantes da UNICA e da Cogen reforçaram a importância de se garantir que a biomassa participe de leilões já em 2017. "Recentes declarações de integrantes do Ministério de Minas e Energia apontam para a possibilidade de haver um certame de reserva este ano, porém ainda não foram indicadas quais fontes de geração poderão participar", observou Zilmar de Souza. De acordo com o diretor da Cogen, Leonardo Caio Filho, "os leilões representam a principal 'porta de entrada' para a bioeletricidade no setor elétrico nacional e a presença da biomassa num eventual leilão de reserva, em 2017, seria muito importante para a cadeia produtiva da cana”.

Desde 2011, a biomassa não tem participado dos leilões de compra de energia de reserva. Nos últimos seis anos, apenas as fontes eólica, solar e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) foram convidadas para participação nestes certames. O governo federal também avalia a possibilidade de haver um leilão, ainda em 2017, para atender à demanda das distribuidoras de energia elétrica (chamado A-5).

O diretor da Zanini Renk, Eduardo Martinez, destaca que, atualmente, o segmento canavieiro representa entre 50% e 55% do faturamento da empresa, embora este índice já tenha sido de 90%. "Mesmo assim, ele é o principal setor em nosso negócio, é quem puxa a receita. Com os leilões e o RenovaBio, temos esperança de ampliar nossa produção como no passado e com produtos 100% nacionais”, comentou o executivo da marca fundada em 1976, nascida de uma joint venture entre as empresas Zanini, de Sertãozinho (SP), e Renk AG, da Alemanha. Prestadora de serviços de Usinagem e Tratamento Térmico, a companhia também desenvolve soluções para aplicações industriais em processos de extração de cana e geração de bioeletricidade. São 315 colaboradores diretos empregados na unidade de Cravinhos.

RenovaBio

Além do leilão de reserva, outro tema ressaltado pelo gerente em Bioeletricidade da UNICA durante a visita do subsecretário paulista à Zanini Renk foi o Programa RenovaBio, lançado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) no final do ano passado para impulsionar a indústria de biocombustíveis no País. Após ter suas diretrizes recentemente (08/06) formalizadas pelo Conselho Nacional de Políticas Energéticas (CNPE), o projeto está em fase de aprovação no Congresso Nacional.

“Além de maior participação no mercado de energia elétrica, outra oportunidade para a expansão da biomassa da cana está no segmento de transporte, com o etanol. Utilizado por quase 70% da frota de carros leves no País, trata-se de um biocombustível estratégico para substituir a gasolina, altamente poluidora e cujo uso vem sendo cada vez mais contestado após o Acordo de Paris”, afirmou Zilmar de Souza, citando o pacto global assinado por quase 200 países em 2015 com o objetivo de frear o aquecimento global. O Brasil se comprometeu a reduzir em 43% as suas emissões de gases de efeito estufa até 2030, incluindo a participação de 18% de combustíveis renováveis e outras na matriz energética.