Mercados futuros: oportunidades para o confinador
28-04-2017

Ana Malvestio¹ e Lara Moraes2

Quando se pensa em melhorar a rentabilidade na produção de carne bovina, a redução de custos e o aumento da produtividade são os tópicos mais discutidos. O pecuarista sabe da importância de investir em tecnologia, reduzir o ciclo de produção e controlar custos, mas isso nem sempre é certeza de alta lucratividade. Isso porque, muitas vezes, a volatilidade tanto dos preços do boi gordo como dos insumos, principalmente o milho e o farelo de soja, que juntos correspondem a 30% do custo de confinamento, pode impactar muito os lucros da atividade.

Ao analisar o ano de 2016, pode-se observar que os preços do milho e do boi gordo se comportaram de modo indesejável ao confinador. Segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), durante o primeiro semestre de 2016, época crítica na compra dos insumos do confinamento, o preço do milho alcançou um aumento de 19,8%, considerando os preços médios do cereal em janeiro e junho de 2016. Quanto ao preço da arroba do boi gordo, vemos que este teve uma trajetória de queda durante todo o período de confinamento, que compreende os meses de abril a dezembro. Sendo que, em abril a arroba média do boi gordo foi negociada a R$157,4 e em dezembro a média chegou a R$149,3, também segundo o Cepea.

Diante deste comportamento dos preços no mercado à vista, é possível que os confinadores expostos a este mercado tenham experimentado algumas dificuldades para obter uma boa rentabilidade na operação deste ano. Esse cenário mostra a importância das medidas voltadas à melhoria da comercialização que visam redução dos riscos das operações no mercado à vista. Essas medidas estão se tornando cada vez mais essenciais e devem estar no radar dos pecuaristas para serem consideradas no momento de definição das políticas de gestão do negócio. Um dos mecanismos que pode auxiliar os produtores a alcançarem melhores resultados é a utilização dos mercados futuros.

O confinador pode realizar operações nos mercados futuros com o objetivo de se proteger contra o aumento do preço do insumo, contra a queda do preço do produto final ou contra ambas as oscilações indesejáveis. Essa operação ocorre por meio da aquisição de opções sobre futuros ou de contratos futuros. No caso das opções, ele pode adquirir opções de compra de milho (calls) e opções de venda de boi gordo (puts). Assim, ao pagar o prêmio, o confinador adquire o direito de comprar o milho ou vender o boi gordo a um determinado preço (strike price). Essas opções são referenciadas a contratos futuros, que vencem em uma determinada data, predeterminam a qualidade e quantidade do produto negociado e são valorados de acordo com o preço de um município relevante na produção da commodity.

Após definir contra quais oscilações o confinador deseja se proteger, é preciso determinar duas variáveis: o preço em que o produtor vai travar a sua operação e a quantidade da commodity a ser negociada. Para definir o preço, é imprescindível ter o conhecimento claro dos custos de produção. Só assim, o produtor é capaz de saber qual preço do boi gordo garante lucratividade para o seu negócio, bem com qual o preço do milho torna viável a sua aquisição.
Veja matéria completa na editoria Tendências, da edição 41 da revista Digital CanaOnline. No site www.canaonline.com.br você pode visualizar as edições da revista ou baixar grátis o pdf.
Mas se quiser ver a edição com muito mais interatividade ou tê-la à disposição no celular, baixe GRÁTIS o aplicativo CanaOnline para tablets e smartphones - Android ou IOS