Movimento Sem Terra segue acampado em frente à Usina Laginha, de João Lyra
17-07-2017

Após a ocupação do pátio da Usina Laginha, desde o último dia 11, em União dos Palmares, Zona da Mata Alagoana, cerca de mil trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra que participavam da ação decretaram estado permanente de mobilização em defesa da Reforma Agrária em Alagoas. As ações dos Sem Terra pretendem pressionar para a agilidade no processo de destinação das áreas da massa falida do Grupo João Lyra para fins de Reforma Agrária.

Montando acampamento em frente ao prédio da Usina Laginha, os Sem Terra denunciaram a paralisia no acordo firmado entre o Governo do estado, Tribunal de Justiça, representantes da massa falida e os movimentos sociais em torno das áreas das Usinas Laginha, Uruba e Guaxuma.

De acordo com Josival Oliveira, da coordenação do MLST, desde o processo das ocupações dos camponeses nas áreas da massa falida, iniciou-se um intenso processo de negociação, que hoje, por conta da nova administração das áreas do Grupo João Lyra, não caminha para sua solução.

“Entre os acordos firmados nas negociações das terras, tínhamos, em relação à Usina Uruba, sua desocupação, tendo o compromisso de desapropriação de 1.500 hectares das terras da Usina Guaxuma para o assentamento das famílias Sem Terra, além das terras da Laginha, que também seria parte destinada à Reforma Agrária”, explicou Josival.

“Em todos os passos dos acordos, sempre mediados entre o governo, o Tribunal de Justiça, a administração da massa falida e os movimentos de luta pela terra, nós estivemos cumprindo cada um dos acertos. Acontece que recentemente houve uma mudança de pessoas que fazem parte da administração jurídica do processo da massa falida do João Lyra e essas pessoas agora estão ignorando toda uma longa negociação que foi construída anteriormente, dificultando assim o diálogo e o avanço do processo. A nova administração está irredutível e oposta à negociação”.

João Lyra, ex-deputado federal (PSD), teve a falência de suas usinas decretada há sete anos, devendo cerca de R$ 2,1 bilhões a credores, governo federal e estadual e a ex-funcionários. O empresário, que já foi considerado um dos deputados federais mais ricos do país, comandava um conjunto de cinco usinas de cana-de-açúcar em Alagoas e Minas Gerais. Atualmente, João Lyra conta com 276 ações judiciais, a maior parte como ação trabalhista.

“Sem nenhuma sinalização para a solução do processo, iniciamos essa semana mobilizações permanentes em defesa da Reforma Agrária, exigindo que essas terras sejam destinadas para as famílias que hoje vivem acampadas na região e que já demonstram com sua organização e produção o que queremos para o campo alagoano, longe da miséria e da escravidão construída pelo João Lyra e suas Usinas”, disse Oliveira.

Além da ocupação do pátio da Usina, os Sem Terra bloquearam trecho da BR 104, em União dos Palmares, durante toda a manhã de quarta-feira (12).

Para Débora Nunes, da coordenação do MST, esse é o início de intensas mobilizações dos Sem Terra com o objetivo de pressionar o governo para operar agilidade nas negociações e de diálogo com a sociedade, na defesa da Reforma Agrária e em denúncia ao que João Lyra e suas Usinas representaram para Alagoas.

“Esses dias serão de constante demonstração da nossa disposição de permanecer em luta para a conquista do que queremos. Nossa luta é para que milhares de trabalhadores e trabalhadoras que viveram explorados nessa região, tenham liberdade com a conquista da terra para viver com sua família de forma digna”, reforçou Débora.

Além do MST, o Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Movimento de Luta pela Terra (MLT), o Movimento Via do Trabalho (MVT), Movimento Unidos pela Terra (MUPT), Movimento Terra Trabalho e Liberdade (MTL) e Terra Livre formam a unidade dos movimentos de luta pela terra em mobilização permanente na disputa pelas áreas do Grupo João Lyra.