MT tem potencial para atender demanda por etanol, avalia especialista
04-10-2017

Mato Grosso colhe 16,940 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2017/2018, quantidade suficiente para abastecer o mercado consumidor de etanol em 1,224 bilhão de litros, além de 391,2 mil toneladas de açúcar, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Outro produto cada vez mais utilizado em Mato Grosso na fabricação de etanol é o milho. Este ano foram colhidas 30,451 milhões (t) do cereal nas propriedades mato-grossenses, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Parte desta produção é absorvida por 5 usinas de etanol de milho, sendo 4 flex e uma full. A produção local de etanol atende o consumo de uma frota de 742,134 mil veículos em circulação pelo Estado, sendo que a frota estadual totalizava 1,947 milhão de veículos até julho.
A proporção de veículos que podem utilizar o biocombustível derivado da cana ou do milho em Mato Grosso é de 38,10% e chega a 47,67% na Capital. Em Cuiabá, dos 410,714 mil veículos em circulação, 195,796 mil podem ser abastecidos com etanol. É possível avançar neste mercado e aumentar a inserção do biocombustível tanto na Capital quanto no interior. A avaliação é do professor titular da Universidade de São Paulo (USP), Marcos Fava Neves. “Com isso, Cuiabá pode obter o título de cidade mais flex e verde em termos de uso de biocombustíveis. Isso já garantirá visibilidade nacional e internacional”.
De igual maneira, Mato Grosso pode alçar o reconhecimento, já que é atualmente o Estado que mais utiliza combustíveis renováveis no mundo, prossegue Neves. “Com isso, o setor (sucroenergético) viabilizará todos os investimentos que estão sendo feitos, gerar impostos e postos de trabalho, deixando de trazer gasolina para Cuiabá”.
Para o especialista, o Estado precisa ocupar os espaços existentes internamente para então pensar em inserir o produto em outros mercados. “A variável mais importante hoje para o setor da cana é o consumo da frota flex. Se a frota se comportar com 95% de etanol, já dá conta da produção atual. É preciso estabelecer um percentual de alcance e chegar lá”.
Outra possibilidade para o setor sucroenergético local está na captura de valor na atividade industrial, avalia o professor da USP. Além da fabricação de etanol, é necessário atrair polos químicos para Mato Grosso. “Indústrias de bioplástico e outros produtos derivados de etanol”, exemplifica.
O especialista esteve em Cuiabá nesta quinta-feira a convite do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindálcool) e proferiu palestra-debate sobre o futuro do setor sucroenergético no Brasil. “Mudanças são necessárias e precisamos de algumas alterações para agregar valor à produção de cana e milho”, resumiu o presidente do Sindálcool, Sílvio Rangel, na abertura do evento.