Norte e Nordeste querem ficar com todas as cotas do etanol
04-10-2017

Os usineiros das regiões Nordeste e do Norte defenderam que são os únicos do setor produtivo brasileiro que devem ocupar as cotas de exportação de etanol para a União Europeia, que está sendo debatida entre o bloco e o Mercosul, como determina a legislação.
Pela Lei 9362, de 1996, o acesso a mercados preferenciais – ou seja, com cotas de importação com tarifas reduzidas ou sem tarifas – de produtos derivados da cana-de-açúcar deve ser atribuído ao Norte e Nordeste. A justificativa é que, garantindo mercados a essas regiões, fomenta-se seu desenvolvimento socioeconômico.
Porém, nos debates diplomáticos que estão em curso, a União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica), que representa as usinas do Centro-Sul, tem feito fortes críticas à proposta agrícola dos europeus, que estão avaliando propor uma cota de 600 mil toneladas de etanol com taxas menores.
A proposta da União Europeia feita em 2004 era de uma cota de 1 milhão de toneladas. Na semana passada, a entidade divulgou uma nota reclamando do volume que seria proposto.
Segundo Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar de Pernambuco e vicepresidente do Fórum Nacional Sucroenergético, a entidade representante do Centro-Sul tem feito críticas à possível proposta da UE sem discutir com os representantes do Norte e do Nordeste, que são os diretamente envolvidos no assunto. “Acho um equívoco e até um certo amadorismo desconhecer a lei do Brasil”, afirmou Cunha.
Diferentemente da posição mais veemente da Unica contra a nova proposta, o presidente do Sindaçúcar/PE evitou dar uma opinião sobre a cota que os europeus acabaram propondo e disse que as discussões ainda estão “muito no início”.
“Temos que ter calma para ver como fica a discussão sobre as outras commodities”, afirmou Cunha, lembrando que o açúcar também deve entrar no debate de cotas.
Procurada, a Unica não comentou o tema. Atualmente, as usinas do Norte e Nordeste têm acesso a uma cota de 412 mil toneladas de açúcar para a União Europeia. Segundo ele, o Itamaraty procurou os produtores da região desde o início das discussões sobre o acordo entre os dois blocos e que tem debatido o tema com os diplomatas.