O bê-á-bá do campo
10-07-2015

É pela difusão do conhecimento que se aprende a dominar as ferramentas agrícolas, da enxada à agricultura de precisão

Luciana Paiva

Antes mesmo de asmáquinas se espalharem pelos campos brasileiros, na época em que as mãos humanas dividiam com a tração animal o trabalho de lavrar o solo, semear e colher as safras, a difusão de conhecimento sobre práticas agrícolas já fazia a diferença para a obtenção de maior produtividade e redução de custos.

Até mesmo as operações agrícolas mais simples têm seus segredos, o bom é que existe gente que consegue desvendá-los e perpetua o descobrimento ao repassá-lo aos demais. Um exemplo, é a tarefa de carpir o mato, o sucesso da prática começa ao encabar a enxada. O primeiro passo é o cuidado com o cabo, é preciso raspá-lo, deixa-lo bem lisinho para não machucar a mão.

Finalizada a operação, o passo seguinte é realizar um cirúrgico corte vertical no final do cabo, um talho de alguns centímetros, onde será fincada uma estaca de madeira, chamada cunha. O cabo é introduzido na enxada e aquele talho fica após a enxada, onde a cunha é fixada para a enxada não sair, o encaixe da cunha precisa possibilitar que a lâmina esteja em uma posição que facilite o corte com perfeição.

Resumindo: encabar a enxada é como afinar violão, é uma arte. Por isso, havia até os “mestres encabadores”, requisitados no meio rural para realizarem o serviço ou ensinarem o ofício. E a aula se estendia para a forma precisa de amolar a enxada e finalizava com o jeito de manipular a ferramenta. O mestre salientava que na hora de carpir, o trabalhador deve prestar atenção na sua postura. Manter as costas eretas, uma perna à frente da outra e deixar o pé que está na frente na posição vertical, para que a enxada não bata na canela e o machuque. A enxada não é para podar o mato, mas cortá-lo pela raiz, por isso, atenção para não ficar embolando o mato com a terra, ele vai brotar.

Esse aprendizado do campo foi repassado por gerações. Assim acontecia nas primeiras culturas agrícolas que tombaram o solo brasileiro, cana-de-açúcar, café, algodão e nos roçados com lavouras de subsistência.

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