O Brasil vai atender o compromisso de aumento da produção de etanol da COP-21?
31-10-2016

Na Conferência do Clima (COP-21), realizada em Paris em dezembro de 2015, o Brasil assumiu um compromisso ousado: o país prevê até 2030 a participação de 18% de biocombustíveis na matriz energética, e um aumento de 10% para 23% no uso de energias renováveis (solar, eólica e biomassa) na matriz elétrica. Para cumprir, o País terá que produzir 50 bilhões de litros de etanol carburante em 2030 – atualmente, este volume é de 28 bilhões de litros. Para isso, a UNICA (União da Indústria da Cana-de-açúcar) avalia que será necessário construir aproximadamente 75 novas unidades produtoras de etanol, considerando uma moagem média, por usina, de 3,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar em condições normais de cultivo.

Mas será que o Brasil conseguirá cumprir o que assumiu em Paris? Para Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Canaplan e da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), o país poderá cumprir a COP-21 caso seja adotadas políticas públicas equilibradas. “O Brasil já provou que consegue aumentar a produção. Mas, pra isso, tem que ter política pública.”

Em contrapartida, se a produção brasileira do biocombustível não avançar, o Brasil poderá ter problemas de abastecimento nos próximos anos. “Não produziremos uma gota de gasolina a mais, estamos estagnados na produção de etanol e a demanda está crescendo. Vamos importar gasolina do mundo todo? Nossos portos não permitem isso. Se importar muito gasolina não posso exportar grãos. Por isso é importante ter política pública para combustíveis no país.”

RESTRIÇÕES
Já na opinião de Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagencia, se esta pergunta tiver que ser respondida hoje, a resposta é não, o Brasil não conseguirá cumprir a meta da COP-21. “Não vamos atingir sem uma política pública. Temos menos de três ciclos pela frente, faltam dois ciclos e meio. A safra 2017 já está plantada. De 2018 para 2030 são doze anos, dois ciclos.”

Além disso, ele lembra que a conjuntura atual é diferente do ciclo de crescimento do setor da década passada. “Temos restrições de áreas. Ao ir para o Centro-Oeste, a cana encontra com outras culturas. O capital está mais seletivo, a análise dos projetos é mais seletiva. Por isso, digo que o crescimento que vimos no passado não vai se repetir. Não é ser pessimista, mas ser realista.”

No entanto, ele acredita que, com o devido apoio, o setor consegue aumentar a produção degrau a degrau. Mais pé no chão. “No primeiro, por exemplo, podemos estabelecer a meta de atingir um acréscimo de dez milhões de litros em dez anos. Um milhão a mais por ano é mais factível. Com uma política bem desenhada, que dá tempo de fundir as lavouras, avaliar solos. E a partir daí vamos para o segundo step.”

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