O reinado da 7515 acabou?
24-07-2017

O setor evolui: a variedade 7515 ainda é a mais cultivada, mas perde a liderança nas intenções de plantio. Foto: Arquivo CanaOnline
O setor evolui: a variedade 7515 ainda é a mais cultivada, mas perde a liderança nas intenções de plantio. Foto: Arquivo CanaOnline

Setor reduz o plantio da variedade de cana RB867515 e abre espaço para opções mais produtivas

Leonardo Ruiz

Há cerca de 30 anos, a Estação Experimental de Ponte Nova, MG, ainda sob o controle do IAA-Planalsucar, realizou a primeira semeadura do que mais tarde viria a ser a variedade mais plantada da cultura canavieira nacional: a RB867515.

O sucesso da popularmente chamada 7515 deveu-se principalmente a sua rusticidade, que lhe permite se desenvolver em condições não muito favoráveis. Era justamente o que a agroindústria canavieira necessitava para impulsionar sua grande expansão ocorrida nos últimos 20 anos. É que a abertura das novas fronteiras canavieiras aconteceu em regiões de solos fracos e condições climáticas mais inóspitas, onde as variedades disponíveis no mercado deixavam a desejar.

Foi aí que a 7515 surgiu para salvar a lavoura, uma vez que apresenta características agronômicas como adaptabilidade a ambientes de baixa fertilidade, tolerância a seca, boa brotação de soqueira (mesmo quando colhida crua), alto teor de sacarose, crescimento rápido, alta produtividade e resistência as principais doenças – entre elas à ferrugem alaranjada, que abalava a SP81-3250, variedade bastante prestigiada.

Esse pacote ideal de vantagens fez com que a 7515 alcança-se o posto de variedade de cana mais plantada e cultivada no Brasil. Uma fez adotada, a união de sua eficiência e do fato de o setor ser resistente à mudança levou a 7515 a reinar por muito tempo, mesmo com pesquisadores alertando que já havia no mercado variedades mais completas, permitindo ao setor diversificar seu plantel varietal, ficando menos dependente da 7515.

Mas agora, 20 anos após o lançamento da RB867515 e 15 anos desde seu registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), uma atitude começa a ganhar força no setor - a de não só garantir a produção, mas aumentar a produtividade. Resultado, após anos liderando as listas de plantio, a RB867515 começa a perder espaço para materiais mais modernos, cuja a principal característica é a maior produtividade.

Segundo o Censo Varietal disponibilizado pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos), universidade integrante da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (RIDESA), a 7515 foi a segunda variedade mais plantada nas usinas de SP e MS em 2016, com 16% da área. A primeira colocada foi a RB966928, com 17,1%.

Essa queda na intenção de plantio fará com que, já nos próximos anos, a 7515 comece também a perder posições no ranking de cultivo. Atualmente, continua sendo, disparado, a variedade mais cultivada do Brasil. Dados do Censo Varietal divulgado pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC), apontam que a 7515 ocupou 28% da área total cultivada com cana no Centro-Sul do país em 2016. Em termos comparativos, a segunda colocada - RB966928 – respondia por apenas 9% do montante total.

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