Operação de quebra-lombo é barata e contribui muito para o bom desenvolvimento do canavial
06-03-2017

A operação de quebra-lombo é realizada após a emergência da cultura, por volta dos 60 a 70 depois do plantio

Um tapete! Assim deveria ser o canavial para facilitar o trabalho das colhedoras de cana e melhorar o desempenho da operação. Com esse objetivo, surgiu a prática do “quebra-lombo”, com a finalidade de uniformizar o terreno para que a máquina colhedora possa trabalhar regularmente. A operação de quebra-lombo é realizada após a emergência da cultura, por volta dos 60 a 70 depois do plantio.

Para realiza-la foi desenvolvido um implemento agrícola que recebeu o nome de Cultivador Quebra-Lombo, projetado para quebrar o lombo nas entrelinhas decorrente do plantio da cana. O implemento movimenta a terra através dos seis bicos riscadores. Possui dois conjuntos oscilantes, compostos por 16 discos recortados de 18 polegadas distribuídos em 4 seções que ao mesmo tempo em que aplainam, distribuem os excessos de terra e desmancham os torrões, jogando a terra nos sulcos ao pé da cana, não danificando a planta.

Auro Pardinho, gerente de Marketing da DMB Máquinas e Implementos, localizada em Sertãozinho, SP, empresa com a maior linha de implementos canavieiros do mercado, explica que o nivelamento do solo faz que o corte de base da colhedora trabalhe de forma linear, não indo mais para cima e assim deixando toco de cana, o que é perda de matéria-prima, e nem enterrado demais e recolhendo terra que é levada junto com a cana para a indústria, a chamada impureza mineral.

Uma forma de não ter o chamado lombo no canavial, de acordo com Pardinho, seria plantar a cana com pouca profundidade, em torno de 15 cm, no entanto, esse plantio raso pode resultar em grandes falhas no canavial. “Em seu primeiro corte, a cana ainda não está muito fixada ao solo. E as colhedoras provocam um atrito muito forte, causam um abalado grande ou até arranquio de soqueira, e quanto mais rasa a soqueira estiver, mais danos a colhedora provoca. Por isso, é necessário um plantio com maior profundidade, em torno de 30 cm.”

Pardinho conta que, uma pergunta que sempre surge é: ‘não dá para plantar com profundidade de 15 cm e em seguida nivelar’? “Não é o indicado, porque aí vai ficar 15 cm de terra sobre o tolete e não vai nascer cana. Além disso, o plantio ocorre, em sua maior parte, na época úmida e as pesadas chuvas podem arrancar a cana, provocando a erosão. Aquela depressão que fica após o plantio reduz a velocidade das enxurradas provocadas pelas chuvas, protegendo a cana. O correto é esperar a cana nascer, perfilhar e só depois realizar a operação quebra-lombo”, responde.

Outra questão levantada por clientes, segundo Pardinho, é se não é possível adaptar um rolo atrás do cobridor da plantadora para nivelar o solo. “Até é possível, mas o sucesso da operação não é garantido. Não vale a pena correr o risco, plantando raso, até porque o quebra-lombo é uma operação muito barata, o equipamento é leve, pode ser tracionado por um trator pequeno, com baixo consumo de combustível. E é uma operação que rende de 1,2 hectares a 1,5 hectares por hora, talvez até mais, dependendo da topografia do terreno.”

No começo, somente se fazia a operação de quebra-lombo com o objetivo de nivelar o terreno. Mas para aproveitar a energia das máquinas e o tempo do operador, o implemento ganhou dupla funcionalidade: simultaneamente nivela e pulveriza o herbicida nas entrelinhas da cana. “Nessa versão, é acoplado ao implemento um taque para aplicação de herbicida que é dirigida, não joga sobre a folha, os bicos vão aplicando embaixo, dirigido nas entre linhas”, diz Pardinho.

A DMB também desenvolveu o Cultivador Quebra-Lombo com adubadora, que permite realizar a cobertura nitrogenada aplicando-se no plantio parte da dose recomendada (20 kg/ha de N) e o restante (30 a 60 kg/ha) na operação de quebra-lombo, juntamente com uma dose complementar de K. Esse manejo parcelado tem possibilitado o aumento do aproveitamento da fertilização nitrogenada e potássica pela cana-planta, com resultados positivos em produtividade.