Os desafios do setor sucroenergético para a próxima década
27-10-2017

Equalizar o endividamento é o principal desafio do setor

* Marcos Françóia, diretor da MBF Agribusiness

O grande e principal desafio do setor para a próxima década é, sem sombra de dúvidas, equalizar o endividamento, que tem ceifado os resultados operacionais de inúmeras empresas e impedido investimentos em inovações, que no essencial destinam-se para a redução de custos e aumento de produtividade.

Quando digo que o endividamento tem ceifado os resultados operacionais, não direciono apenas as empresas altamente endividadas, mas também os grandes grupos econômicos que se formaram na última década, inclusive os novos entrantes nesse mercado, dos quais encontram-se com sua dívida equalizada, no entanto culminam por não obter o resultado operacional desejado influenciados pelo comportamento negativo das empresas endividadas, que por necessidade de caixa, vendem mal e compram mal. Melhor dizendo, vendem em momentos inadequados e a preços baixos e compram mais caro. Dessa forma, toda cadeia produtiva sofre redução na margem operacional.
Sem conseguir produzir margens operacionais, menos se investe no canavial e em inovações, agravando ainda mais a situação, se endividando cada vez mais com instituições financeiras ou deixando de pagar impostos. Tais atitudes tornam-se um ciclo, do qual chamo de “boomerang”, onde a cada ciclo de baixa do mercado as empresas voltam às suas bases econômicas mais fragilizadas.


O endividamento é um desafio da próxima década, pois o montante da dívida não se resolve no curto prazo, é preciso no mínimo dez anos para se ajustar e ainda depende de uma atuação forte das lideranças do setor para tranquilizar as instituições financeiras e movimentar o governo, buscando a flexibilização dos prazos de pagamento, da taxa de juros e das garantias. Isso para dívidas financeiras e tributárias. Quando menciono tranquilizar, refiro a mostrar seriedade e congruências nas decisões estratégicas de curto e longo prazo e também na organização interna da empresa, que em alguns casos, deve-se fazer a lição de casa para ter o direito de obter apoio ao êxito sobre a crise.
Mais de 50% das empresas produtoras de açúcar e etanol têm uma administração com forte cultura familiar, onde acumular patrimônio é uma prioridade e várias decisões são equivocadas, focadas em manter o poder familiar. Ainda quando observamos os sucessores, vemos que muitos não estão sendo preparados adequadamente para assumir os negócios.

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