Palha de cana de Lençóis Paulista não produz só energia, mas também papel
08-02-2017

A cidade ganha a primeira fábrica no mundo a fazer papel a partir da palha da cana

Pioneira no recolhimento de palha de cana em larga escala para a produção de energia, Lençóis Paulista, foi a escolhida para sediar a primeira fábrica de papel produzido a partir da palha da cana-de-açúcar, a FibraResist, do Grupo Cem. A inauguração da fábrica ocorreu no último dia 3.

Resultado de seis anos de estudos, a tecnologia pioneira no mundo transforma a matéria-prima, abundante em território paulista, em pasta mecânica celulósica 100% sustentável para fabricação de papeis e embalagens. Foram investidos de R$ 25 milhões, dos quais R$ 10,5 milhões financiados por meio da Desenvolve SP - Agência de Desenvolvimento Paulista, do Governo do Estado. Serão gerados 62 novos postos de trabalho na planta de 60 mil metros quadrados no Distrito Industrial Luiz Trecentti II, às margens da Rodovia Juliano Lorenzetti (LEP-060).
A empresa tem capacidade para produzir até 72 mil toneladas de pasta celulósica por ano, com previsão de atingir esse volume já a curto e médio prazo. A escolha de Lençóis Paulista como sede se deu devido à grande quantidade de matéria-prima na região, com forte atividade canavieira. Com a inovação, a palha da cana-de açúcar não fica no canavial – evitando pragas e prejuízos -, mas se torna mais uma fonte de renda aos canavicultores.

O primeiro acordo de fornecimento já está acertado com a Coopercitrus Cooperativa de Produtores Rurais. A produção inicial, que será de 25% do total da capacidade produtiva, está sendo negociada com empresas que produzem diversos tipos de embalagens e também papel kraft e tissue (como papel higiênico e papel toalha).

Como funciona

O biodispersante separa a lignina (molécula que dá rigidez às células das plantas) das fibras existentes na palha. Foi criado pela própria empresa e elimina a necessidade de calor. O processo envolve um circuito fechado que evita perdas e desperdício de água, e o pouco resíduo gerado na produção pode ser reutilizado como adubo no campo, entre outras finalidades. A pasta foi avaliada e classificada pela Universidade Federal de Viçosa (MG).

A pasta é livre de impurezas e não oferece perdas de matéria-prima em relação a outros processos já existentes no mercado. Não há custo do descarte do resíduo proveniente da reciclagem. “O uso da pasta mecânica celulósica vai muito além do apelo da sustentabilidade. Ele traz mais produtividade e rentabilidade à indústria de papel e embalagem”, afirmou José Sivaldo de Souza, da FibraResist.

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