Perspectiva de quebra de produção mexe com preços do etanol
15-07-2014

A perspectiva de quebra de produção no Centro-Sul do Brasil por conta da estiagem já está mexendo com os preços do etanol hidratado sinalizados para a entressafra, que vai de dezembro a março. Na sexta-feira, o metro cúbico do biocombustível para janeiro de 2015 fechou a R$ 1.325 na BM&FBovespa, valor 8,2% maior que a média de R$ 1.225 por metro cúbico observada em igual mês deste ano, conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).

A perspectiva é de que o ritmo de moagem de cana, e consequentemente da produção de etanol, diminua mais cedo neste ano, refletindo o impacto da severa estiagem em janeiro e fevereiro. Citando a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), o centro de estudos diz que 'a possibilidade de quebra de safra é uma das principais explicações dos maiores patamares apontados para a próxima entressafra'. 'O clima excessivamente seco tem preocupado produtores, devido à expressiva queda no rendimento dos canaviais que vêm sendo colhidos', complementa.

No acumulado do ciclo 2014/15 até 1º de julho, o processamento atingiu 203 milhões de toneladas, 11% mais que em igual intervalo do ano passado, segundo a Unica. A produção de etanol atingiu 8,45 bilhões de litros no período (+10%), dos quais 4,86 bilhões de litros de hidratado e 3,59 bilhões de litros, de anidro.

A própria entidade, que representa a indústria sucroalcooleira, no entanto, alertou para a perda de rendimento nos canaviais. 'Ainda não concluímos as estatísticas referentes à produtividade agrícola de junho, mas já podemos afirmar que ao final desta safra ela deverá ficar aquém daquela inicialmente prevista, com prejuízo à oferta de cana e possível antecipação do término da moagem em várias regiões produtoras', disse o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, no último relatório de acompanhamento de safra da entidade.
Principal região produtora do País, o Centro-Sul pode processar até 40 milhões de toneladas a menos que as 596 milhões de toneladas de 2013/14, segundo projeções de representantes e consultorias.