Produtor de cana torce por remuneração boa para renovar o canavial
27-04-2017

A projeção indica uma moagem de 585 milhões de toneladas, queda de 22,14 milhões em relação à safra anterior e os dados apontam ainda redução de 1,5% na área plantada.

A safra de cana vai ser menor neste ano segundo dados da União da Indústria de cana-de-açúcar (Unica), podendo chegar a uma queda de 22 milhões de toneladas. Um dos fatores que explicam essa mudança é a junção de canaviais antigos com alguns recém-plantados.

Produtor na região de Piracicaba, no interior de São Paulo, Gilmar Soave colheu 36 mil toneladas de cana no ano passado, mas, para a próxima safra, a produtividade deve diminuir para 32 mil, apesar de ter mantido a mesma área de produção. "A cana que cortou da metade para frente da safra ficou sem chuva. Por causa dessa dificuldade, acabamos ficando com a cana muito defasada e ficamos com um canavial velho”, disse.

Caso como o do produtor compõe a mais recente estimativa da safra 2017/2018, divulgada pela Única. A projeção indica uma moagem de 585 milhões de toneladas, queda de 22,14 milhões em relação à safra anterior e os dados apontam ainda redução de 1,5% na área plantada. O recuo é decorrente da estagnação das áreas cultivadas e da maior renovação do canavial com mais de 18 meses.

"Quando se faz uma reforma de cana de 18 meses, a produtividade melhora, porque é uma cana que ela tem mais tempo pra desenvolver pro primeiro corte. Quando o bolso do nosso produtor está muito apertado e o solo favorável, ele planta a cana de ano, que não dá a mesma produtividade que a cana de 18 meses", disse o presidente da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), Arnaldo Bortoleto.

Para investir na renovação dos canaviais, os produtores precisam que os preços se mantenham, no mínimo, o mesmo patamar da safra passada. "Adubo, herbicida, e o óleo diesel subiram demais nesses dois últimos anos e isso ai pesa muito na produção da cana", comentou Soave.

Sobre o mix de produtos , as usinas devem optar novamente por uma safra mais açucareira. Dados da Unica apontam que 47% da matéria prima vai ser destinada ao produto. "Já tem muitos contratos feitos de açúcar e esperamos que o produto mantenha os preços razoáveis em setembro/outubro, para o fechamento do ano que vem ser próximo ao que foi essa safra que acabou de encerrar”, concluiu Bortoleto.

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