Produtores debatem diversificação de culturas como alternativa à cana-de-açúcar no “Encontro DNA”, em Jaú
08-07-2016

Com a conclusão do processo de mecanização da cana-de-açúcar, que marcará o fim da queima da palha, a partir de 2017, os produtores rurais de Jaú e região tem buscado novas alternativas para as áreas, nas quais não será possível desenvolver a tradicional cultura, com a produção de grãos e cereais, frutas e pecuária. Com o objetivo de orientar os agricultores sobre como promover novos métodos de cultivo e ampliar a renda e geração de empregos no campo, teve início, no dia 6 de julho, o 3º Encontro Desenvolvendo nosso Agronegócio (DNA), realizado pela Cooperativa Agrícola da Zona do Jahu, com apoio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, em Jaú.
De acordo com o presidente da Cooperativa, Carlos Eduardo Nabuco de Araújo, a terceira edição do encontro busca incentivar o empreendedorismo rural. “Os agricultores têm se sentido mais estimulados a diversificar suas culturas, sem deixar de lado nossas lavouras tradicionais”, afirmou.
Para o dirigente da organização, atualmente, muitas cidades da região de Jaú são abastecidas com produtos de Campinas e São Paulo, sinalizando que é possível atender, localmente, esta demanda pela produção agropecuária, contando com iniciativas como o Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias II – Acesso ao Mercado, do Governo paulista, que possibilita o ingresso do produtor rural no mercado. “Mais do que nunca, o desenvolvimento do País passa pela agricultura e é preciso estimular novas tecnologias e métodos para a sucessão. A renovação ainda é pequena, mas precisamos reverter a situação, melhorar o brilho do campo para a nova geração que continuará as atividades”, finalizou Nabuco.
A expectativa é receber mais de dois mil agricultores de 35 municípios das regiões de Jaú, Botucatu, Araraquara e Bauru que buscam informações sobre esse processo de diversificação, conforme explicou o diretor e promotor do evento, Caíque Paes de Barros. “Em 2014, a área de plantio de grãos em Jaú e região era de 2.500 hectares; em 2015, aumentou para cinco mil, com estimativa de chegar a dez mil neste ano e dobrar na próxima safra. E o Encontro DNA tem sido um dos fatores desta multiplicação, pois reúne muitas informações sobre soja e milho, fazendo com que os agricultores se sintam mais seguros para desenvolver essas atividades”, ressaltou.
Para Eduardo Romão, presidente da Organização de Plantadores de Cana da Região do Centro-Sul do Brasil (Orplana), entidade que apoia o Encontro, a iniciativa é importante para promover o ajuste de perfil necessário à região. “Essa diversificação das culturas é muito importante, pois algumas áreas poderão ter maiores desafios para continuar a produzir cana-de-açúcar. E uma iniciativa organizada com apoio do Governo, para construir novas cadeias, é fundamental nesse processo. A produção de cereais, por exemplo, está ganhando força na região”, disse.
Macadâmia
Uma das opções bem-sucedidas para ampliar a produção agrícola da região Jaú tem sido o cultivo da macadâmia pois, de acordo com a produtora da empresa QueenNuts, Maria Teresa Egreja Camargo, a cultura se adapta bem às áreas remanescentes do plantio de cana, suportando maiores inclinações de terreno. A produção teve início ainda nos anos 80, com um primeiro movimento de mecanização no segmento canavieiro.
“Hoje em dia, com diversos estudos e avaliações da cultura, podemos dizer que os produtores têm uma alternativa consolidada, podendo alcançar uma rentabilidade de R$ 15 mil por hectare de macadâmia plantada”, afirmou Maria Teresa, que atualmente exporta 50% da produção da noz aos Estados Unidos, Europa, América do Sul, Oriente Médio e Ásia. “A macadâmia é um produto de alto consumo mundial. As nozes, de forma geral, estão no topo da pirâmide nutricional, com propriedades funcionais, seguindo a tendência de alimentação saudável”, comemorou a empresária de Dois Córregos.
Para o produtor de macadâmia Edwin B. Montenegro Filho, de Bocaina, o Encontro DNA possibilita a troca de conhecimentos e também o contato entre os produtores e consumidores. “Muitas vezes, os consumidores abrem a geladeira da sua casa e não tem noção do esforço do homem do campo para deixá-la colorida, com alimentos de todos os cantos do País. Esse contato nos ajuda a entender o que ele quer e uma oportunidade para direcionar nossa produção e atender esse consumo”.
Apoio aos produtores
No espaço de exposições da feira, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento conta com espaços para atender e orientar os produtores da região. No estande da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), é possível verificar as cultivares desenvolvidas pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, pelo Programa de melhoramento Genético do IAC.
“Queremos que os produtores conheçam melhorias de plantio que os auxiliem na rentabilidade da cultura. Há ainda a variedade de cana forrageira, desenvolvida na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Jaú, com foco na alimentação animal. Gerar tecnologia é muito bom, mas quando ela é adotada pelo produtor, é melhor ainda”, afirmou a diretora da Unidade, Gabriela Afferi. Há ainda os estandes da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), e da Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), nos quais os visitantes podem conhecer as tecnologias e métodos disponíveis para melhorar o desempenho da produção.
Para o produtor de cana e cereais, Luiz Fernando Feltre, de Mineiros do Tietê, a região carece de informações para promover a rotação de culturas, processo que se intensificou nos últimos dois anos. “Essas atividades promovidas no Encontro DNA são de suma importância, pois trazem conteúdo técnico a quem realmente está interessado em diversificar a produção”, enfatizou.
O evento, que prossegue até o dia 9 de julho, contou ainda com palestras da pesquisadora da Apta em Marília, Adriana Novais Martins, que abordou as “Potencialidades da fruticultura tropical na região de Jaú”. Também ministrarão palestras o pesquisador da Apta de Colina, Rodolfo Fernandes, que abordará o sistema Boi 7.7.7. e o secretário-executivo do Fundo Expansão do Agronegócio Paulista (Feap), Fernando Penteado, que apresentará as opções de financiamento do Governo do Estado para o Projeto Nascentes.