Qual é o futuro do etanol hidratado?
07-11-2014

O Governo Federal tem adotado uma política predatória contra o etanol, mantendo os preços dos combustíveis (especialmente a gasolina) descolados do mercado internacional sob a justificativa de inibir a pressão inflacionária. Como o preço de venda do etanol hidratado está condicionado ao preço da gasolina, e se este combustível fóssil é mantido num valor artificialmente inferior ao do mercado internacional, automaticamente o hidratado tem sua rentabilidade depreciada.
Neste cenário, de condução política dos preços da gasolina, surge a discussão sobre qual seria o futuro do etanol hidratado. Para Vasco Dias, CEO da Raízen, a tendência é de o consumo do hidratado se regionalizar, para que seja mais competitivo. “Onde o hidratado é mais competitivo regionalmente, deve estar na bomba.” Segundo ele, o hidratado tem que ser competitivo, senão vai acabar. “E como empresa, não estou preocupado se o futuro do etanol vai ser com anidro ou hidratado, o que importa é que seja o etanol.”
Também lembra que o governo não reconhece o hidratado do ponto de vista ambiental. “Por isso, tende a perder espaço e o anidro, forçosamente, vai ganhar maior espaço na companhia”, salienta Dias.
Na opinião de Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria, o hidratado é a esponja que regula o sistema e serve como mecanismo de regulação desta indústria. “E é um modelo que deveria ser cogitado em outros países.”
Para Luiz Robeto Pogetti, presidente da Copersucar, o hidratado é importante para o sucesso desta indústria. “É veículo do nosso crescimento. Ele flexibiliza a gestão do nosso portifólio. Sem o hidratado é difícil o setor encontrar uma saída. Sem ele, onde vamos colocar o etanol 2G?”, indaga. “O País precisa do etanol hidratado, porque ainda não se tem claro como poderemos abastecer o País em 2010.”
ANIDRO GANHA ESPAÇO - Uma mudança já está acontecendo, segundo Andre Marques Valio, Membro do Conselho de Administração na Valio Inteligência Competitiva. No artigo “O futuro do etanol hidratado”, ele destaca que está havendo uma profunda alteração no perfil de produção de etanol nas usinas. “As unidades produtoras estão convertendo aceleradamente, na medida que conseguem obter recursos para investimentos, a sua capacidade de produção de etanol de hidratado para anidro”, afirma.
Segundo ele, nos dias de hoje, “temos as novas colunas de destilação que estão baseadas no conceito de peneira molecular, onde os custos de operação são muito menores, pois dispensam a utilização do ciclo-hexano”.
Valio lembra que, se por um lado o carro flex transferiu ao consumidor o poder de escolha pelo combustível que vai abastecer, por outro lado não existe uma política de preços mínimos para o combustível verde. De maneira geral, ele diz que “o etanol hidratado é cada vez menos interessante de ser produzido pelas usinas e nas bombas a demanda vai se reduzindo a medida que a demanda por anidro cresce.”