Queda no consumo desestimula etanol de milho
16-06-2014

O aumento da produção de etanol de milho é bom para produtores, indústrias, governo e até assessorias de projetos. O programa, no entanto, caminha muito lentamente.

As indústrias flex de Mato Grosso --processam cana durante a safra e milho durante a entressafra-- moeram perto de 300 mil toneladas de grãos neste ano.

Nos próximos dois anos, todas as usinas do Estado deverão estar produzindo etanol tanto de cana-de-açúcar como de cereais, na avaliação de Glauber Silveira, diretor da Aprosoja e coordenador da comissão de milho de etanol, que estuda a viabilidade de produção e a busca de políticas públicas para o desenvolvimento desse setor.

Silveira diz que a utilização do etanol poderia ser bem maior no Estado. Atualmente, está restrita a apenas 23% de participação na utilização de combustíveis.

Para o coordenador dessa comissão, o fato de o mercado de combustíveis ser muito fechado prejudica a evolução do setor. Ele reconhece que o preço controlado da gasolina impõe limites à produção, mas considera que a comercialzação deveria ser mais livre entre usinas e pontos de abastecimento.

Ganhariam as usinas, que teriam remuneração melhor, e os consumidores, que pagariam menos pelo produto, incentivando o crescimento do mercado.

Esse consumo reduzido diminui o interesse de novas usinas no setor, principalmente as independentes --as que não estão associadas às usinas de cana-de-açúcar.

Mato Grosso é exportador de etanol, e, se esse produto voltasse aos 60% do total de consumo de combustível do Estado, o milho utilizado pelas usinas poderia subir para 4 milhões a 5 milhões de toneladas por ano.

Esse volume ajudaria a manter o preço do cereal no campo e a melhorar o caixa das usinas. Facilitaria também o BNDES a implementar seu plano de incentivos às usinas voltadas para a produção de etanol de milho.

Até o governo teria de destinar menos subsídios ao setor com programas de intervenção na comercialização.

Os benefícios chegariam também às indústrias de componentes para o setor, hoje com grande ociosidade.

Antonio Pádua Rodrigues, diretor da Unica, diz que a produção do etanol de milho padece do mesmo problema do de cana, a elevada taxa de de 25% de ICMS no Estado.

Etanol O preço do álcool voltou a cair nos postos de abastecimento da cidade de São Paulo. Pesquisa semanal da Folha indica valor médio de R$ 1,91 por litro nesta semana, uma redução de 0,3% em relação à anterior.

Paridade Negociado a esse valor, o álcool vale 66% da gasolina, sendo mais vantajoso do que o derivado de petróleo. Com essa redução de preços, o álcool acumula queda de 6,6% em relação aos preços de há um mês.

Safrinha A Agroconsult revisou para cima a produção de milho desta safrinha. A consultoria, que estimava 42,1 milhões de toneladas, agora prevê 46,6 milhões, uma queda de 1% em relação à de 2013.

Mauro Zafalon