Receita para um solo vivo
29-12-2015

O Grupo Balbo em suas usinas São Francisco e Santo Antonio, em Sertãozinho, desenvolve a maior produção de cana orgânica do mundo, são 21 mil hectares colhidos 100% com cana crua. Leontino Balbo Júnior, diretor agrícola, conta que após colher a cana crua, é espalhada uma camada uniforme de palha sobre o solo, são 20 toneladas de palha de cana por hectare para que em baixo fique fresco e úmido.Durante a decomposição da palha, ela libera substâncias que inibem o desenvolvimento das plantas daninhas: é a Alelopatia. A cana cresce e fecha a linha.

Todo ano, eles renovam 20% da área, rotacionam com adubação verde, como a Crotalária-junceaque para a produção de massa vegetal deve ser plantada na primavera, e manejada três meses depois, alcança 3 metros de altura e produz de 50 a 70 toneladas por hectare de massa verde e adiciona até 300 kg de nitrogênio por hectare anualmente, através da fixação biológica. Nos canaviais do Grupo Balbo, a crotalária é desintegrada com equipamento especial e forma uma camada de massa verde sobre o terreno. A cana é plantada diretamente sobre esta folhagem de crotalária, que começa a se decompor e a devolver os nutrientes que ela fixou.

Janeiro, fevereiro e março são meses de plantio. “Esta cana não será colhida na próxima safra porque ela ainda estará pequena. Será colhida pela 1ª vez com 15 a 16 meses, a partir daí ela é colhida todo ano no mesmo mês. A cana dá um corte por ano. Quando ela chega no 5º, 6º e 7º corte, mais uma vez renovamos a área. Como rotacionamos 20% do canavial, em cinco anos toda a fazenda estará renovada. Eliminamos toda a fertilização química, realizamos um cultivo mínimo, quer dizerque a cana brotou e não mobilizamos o solo, não é como a cultura anual convencional em que as pessoas gradeiam (mobilizam) a área 3 a 4 vezes por ano e isso esteriliza a terra.”

Porém, não basta recuperar o solo é preciso preservá-lo, por exemplo, protege-lo da compactação provocada pela circulação das máquinas no canavial, por isso, Leontino salienta ser fundamental o uso de pneus de alta flutuação. Com todos esses cuidados, os solos dos canaviais do Grupo Balbo se tornaram muito bem estruturados, muito bem agregados e cheios de minúsculos túneis abertos pelas raízes e por uma grande quantidade de invertebrados e microrganismos.

De acordo com Leontino, mesmo nas áreas de piores solos das fazendas, considerados ‘pobres’, a terra bem tratada agora se assemelha a uma imensa esponja. E a infiltração da água de chuva é tão boa que já não são necessários os camalhões nas curvas de nível (aquelas linhas de terra mais elevadas), antes imprescindíveis para segurar as enxurradas e evitar a erosão. No entanto, para chegar a essa condição, é preciso dar tempo para a biota do solo (vermes, ácaros, insetos) se fortalecer e realizar seu trabalho.

“O solo é decomposto por facções, explica Leontino. Se você pega um pedacinho de terra ali você tem areia, saibro e argila. Esses pedacinhos têm tamanhos diferentes. Eles são arranjados de uma forma tal e colados entre si. Esta colinha vem de cálcio e de resultados de atividades micro-biológicas. A minhoca come a terra, aquele resultado que ela produz tem uma certa colinha no húmus. Isto ajuda a colar a terra. E o nosso canavial está cheio de minhoca, e minhoca é o suprassumo do solo”, afirma.

Veja matéria completa na editoria Nutrição na nova edição da revista Digital CanaOnline. No site www.canaonline.com.br você pode visualizar as edições da revista ou baixar grátis o pdf.
Mas se quiser ver a edição com muito mais interatividade ou tê-la à disposição no celular, basta baixar GRÁTIS o aplicativo CanaOnline para tablets e smartphones - Android ou IOS.