Reforço com o amendoim
11-04-2014

Os últimos dez anos marcaram a construção de novas possibilidades para a produção brasileira de amendoim. Em simples comparação, ente os anos que iniciam e os que encerram esse período, é possível verificar os resultados alcançados. De 2002 a 2004, foram produzidas 582 mil toneladas de amendoim em casca para 277 mil hectares plantados, sendo exportadas 53 mil toneladas de amendoim descascado e 10 mil toneladas de óleo bruto. Já nos últimos três anos, foram produzidas 830 mil toneladas de amendoim em casca, para 314 mil hectares, exportações de 148 mil toneladas de amendoim descascado e 73 mil toneladas de óleo bruto.

Os principais destinos das exportações de amendoim descascado continuam sendo os países europeus, com destaque para Holanda, Reino Unido e Rússia. A Itália é o principal destino para o óleo de amendoim. Já a China, que cada vez mais consome amendoim principalmente com o processo de urbanização do país, tende a impulsionar ainda mais as importações brasileiras do grão.

No Brasil, o Estado de São Paulo é responsável por 80% da produção brasileira e domina quase a totalidade das exportações de amendoim em grão, que, a partir de 2010, com a participação de Minas Gerais nas exportações de óleo de amendoim, passou a responder por cerca der 90% das exportações do produto.

Tanto o potencial de aumento da produção brasileira de amendoim como a possibilidade de crescimento de exportações do produto foram abordados de 2 a 3 de setembro, no V Encontro Técnico do Amendoim Basf, realizado em Ribeirão Preto. Principal ofertante de defensivos para o amendoim no País, a Basf foi a promotora do evento, que não apenas discutiu o potencial do mercado, mas abordou questões técnicas como mecanização da lavoura, aplicação de produtos, aperfeiçoamento do manejo e controle fitossanitário.

A HISTÓRIA DO CULTIVO - Na década de 70, o Brasil produzia 1 milhão de toneladas de amendoim, sendo que parte considerável da produção era transformada em óleo. Com o avanço das pesquisas, a soja tornou-se mais produtiva e conquistou novas áreas, enquanto o amendoim permanecia estagnado. Segundo José Arimatéa Calsaverini, superintendente da Coplana (Cooperativa Agroindustrial), situada em Jaboticabal, na região de Ribeirão Preto, SP, o amendoim era uma cultura rudimentar. Já na década de 80, o amendoim desabou de vez quando se constatou que o produto brasileiro era pouco controlado. “Tinha condições sanitárias péssimas e índices de aflotoxina não toleráveis”, conta o superintendente da cooperativa. Segundo Arimatéa, a cultura do amendoim chegou ao fundo do poço: caiu de 1 milhão de toneladas para 150 mil toneladas.

Não foi fácil, mas veio a reviravolta. Agricultores, cooperativas, indústria, pesquisadores e fabricantes de máquinas se uniram. Uma conjunção de fatores, como variedades produtivas, controle sanitário e adoção da mecanização, permitiu que a cultura do amendoim renascesse ao longo dos últimos dez anos, saltando de 150 mil toneladas para cerca de 320 mil toneladas atualmente.

Segundo o 5º levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), divulgado em fevereiro deste ano, a produção nacional do amendoim na safra 2012/13 deve ultrapassar 310 mil toneladas, superior à obtida na safra anterior – 294,7 mil toneladas. O Estado de São Paulo será responsável pela maior parte da produção nacional, o equivalente a 281 mil toneladas.

ROTAÇÃO COM CANA – No Encontro da Basf, em Ribeirão Preto, os produtores de cana que plantam amendoim por rotação relataram o quanto o grão ajudou a melhorar a rentabilidade. Não é à toa que basicamente toda produção de grãos da região de Ribeirão Preto ocorre no sistema de rotação com cana-de-açúcar. Uma vez que cada produtor renova em torno de 15% de todo o canavial anualmente, abre-se a possibilidade de se plantar outras culturas antes de se implantar a cana. 80% da produção de amendoim no País está estabelecida em áreas de rotação com canavial e pastagens, especialmente em São Paulo e estados vizinhos, como Minas Gerais e Paraná. Já em Tupã há rotação com milho e pastagem, mas cresce a rotação com cana na região.

Adotar culturas de ciclo curto, como algumas oleaginosas, tem importância agronômica, uma vez que permite recompor os nutrientes das áreas. A rotação também permite, caso se adote grãos, obter uma renda extra numa faixa de terra que estaria parada, apenas esperando o momento propício para receber o plantio da cana. Mas não são todos os empresários de usinas que adotam essa estratégia. Muitos são reticentes, por temer, por exemplo, que a dedicação ao amendoim atrapalhe o planejamento da unidade.

Mas para especialistas, o amendoim é a melhor opção para fazer rotação de cana. Deixa muita matéria orgânica na lavoura. Enriquece o solo para o plantio canavieiro. Além disso, o amendoim é viável em pequenas áreas, diferente da soja, que precisa de produção em escala para ser viabilizada.

Segundo Arimatéa, uma usina arrendar área para amendoim é medida inteligente. Há estimativa de usina indicando que cerca de 20% dos custos de plantio de cana se consegue reduzir no composto dos benefícios da rotação com amendoim. De acordo com ele, o modelo de produção de amendoim em rotação com cana torna a região Nordeste do Estado na maior produtora nacional do grão. O Encontro da Basf, em Ribeirão Preto, teve a presença de duas grandes cooperativas que valorizam o amendoim como cultura de rotação com a cana: a Coplana e a Copercana.

PROTEÇÃO DA SEMENTE – Durante o V Encontro Técnico do Amendoim da Basf, a companhia aproveitou o contato com os produtores para apresentar o portifólio da empresa voltado ao amendoim. Além disso, aproveitou para apresentar para o público o Standak top, produto desenvolvido para proteger a semente no plantio do amendoim, o que garante manutenção do stand e maior rapidez no arranque das plântulas.

Muitas doenças e pragas danificam a semente do amendoim no plantio. Considerando que, para o produtor formar a lavoura da cultura, 37% do custo é com semente, esse problema traz grande prejuízo pela queda de produtividade que ocasiona. Por isso, a proposta do Standak Top é evitar os estresses iniciais no desenvolvimento da planta, acelerando o arranque, mantendo número ideal de plantas por hectare e promovendo maior engalhamento.