Safra pode crescer 7,8% em MG
18-04-2016

A safra 2016/17 de cana-de-açúcar poderá crescer 7,8% em Minas Gerais, com o esmagamento de 69,98 milhões de toneladas, ante o processamento de 64,9 milhões de toneladas em 2015/16, segundo os dados do primeiro Levantamento da Safra de Cana-de-Açúcar, elaborado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Porém, devido à crise enfrentada pelo setor ao longo dos últimos anos, a Siamig (Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais), acredita que a capacidade de moagem instalada no Estado é menor que a estimada pela Conab.
De acordo com o presidente da Siamig, Mário Campos, a tendência é que a safra mineira supere a anterior, mas o crescimento será pequeno. Ele também afirma que, no período 2015/2016, o volume de 64,9 milhões de toneladas esmagadas só foi alcançado porque várias usinas alongaram a safra até janeiro.
“Podemos atingir esse volume de cana-de-açúcar estimada pela Conab no campo, dependendo da produtividade média da safra, mas, dificilmente, teremos condições de moer esse montante. Este ano começamos a moagem mais cedo, tínhamos nove usinas em março e na primeira quinzena de abril somaram 22 de um total de 36. Vamos ter uma safra muito longa, lembrando que perdemos nove unidades industriais nos últimos anos, em função da crise do setor, e, com isso, perdemos capacidade de moagem”.
No Estado, a área ocupada com a cana-de-açúcar foi estimada em 902,3 mil hectares, ampliação de 4,1%. No ano passado a área plantada era de 866,5 mil hectares.
A produtividade esperada é de 77,56 toneladas de cana por hectare, o que representa uma expansão de 3,5% frente à safra anterior. Os Açúcares Totais Recuperáveis por tonelada de cana-de-açúcar (ATR/TC) devem crescer 5,8%.
De acordo com a coordenadora da Assessoria Técnica da FAEMG, Aline Veloso, a área produtiva em Minas Gerais representa 10% da área nacional de cana-de açúcar.
“Notamos que as lavouras, em função das chuvas e das condições climáticas, não estão uniformes, mas teremos uma produtividade maior e bem semelhante à do Brasil. Em algumas regiões, o desenvolvimento foi muito bom e teremos uma produtividade e os ATR/TC bem mais favoráveis, mas, em outras, os eventos climáticos foram prejudiciais, como as chuvas excessivas do final de 2015, período inicial do desenvolvimento das lavouras”, explicou Aline.
Açúcar
A previsão da Conab é que sejam destinadas 29,1 milhões de toneladas de cana para a produção de açúcar, volume que ficará 14,4% maior que o destinado na safra anterior. Com o incremento, a produção estadual de açúcar será de 3,64 milhões de toneladas, o que representa um volume de 399,5 mil toneladas a mais ou uma alta de 12,3%, quando comparado com o volume de 3,24 milhões de toneladas fabricadas anteriormente.
O estímulo para a produção maior veio dos preços praticados no exterior, que estão mais altos devido à redução da oferta de açúcar e da queda de produção na Índia. Além disso, a desvalorização do real frente ao dólar ampliou a competitividade do produto brasileiro, aumentando, assim, as oportunidades de expandir as exportações em 2016.
“A expectativa é de uma safra mais açucareira, sendo favorecida pelos preços, pelo câmbio e pela boa expectativa de exportação”, disse Aline.
Produção mineira de etanol total deve aumentar 1,3%
Em relação ao etanol total, a produção mineira foi estimada em 3,12 bilhões de litros, alta de 1,3% ou de 40,5 milhões de litros a mais que o produzido na safra 2015/16. Ao todo, serão esmagadas 40,8 milhões de toneladas de cana para a produção de etanol, volume que ficou 3,5% maior na atual safra.
A produção de etanol anidro será 16,7% superior, com a produção de 173,3 milhões de litros a mais e alcançando um volume de 1,21 bilhão de litros. Para a fabricação do anidro serão processadas 16,2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, alta de 18,9%.
Já a produção de etanol hidratado ficará 6,5% inferior ao volume anterior, o que significa uma queda de 132,7 milhões de litros do biocombustível. A destinação da cana-de-açúcar para o produto recuou 4,7%, com o esmagamento previsto em 24,6 milhões de toneladas.
“No caso do etanol, acreditamos que a produção será equivalente à obtida na safra anterior. Os volumes tanto de anidro como de hidratado podem mudar ao longo da safra, conforme a demanda do mercado. Tivemos uma queda muito forte nos preços do etanol nas usinas, cerca de 30% desde o início de abril, o que ainda não chegou ao consumidor. Esperamos que quando o repasse for feito, o etanol se tornará mais competitivo que a gasolina e, isso, poderá impulsionar a demanda pelo etanol hidratado”, explicou o presidente da Siamig (Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais), Mário Campos.
Para o Brasil, expectativa é de resultado recorde
A safra 2016/2017 de cana-de-açúcar do Brasil deverá chegar ao recorde de 691 milhões de toneladas, com um aumento de 3,8% em relação à temporada anterior, quando foram colhidas 665,6 milhões de toneladas. A variação se deve ao crescimento da área colhida de 5,4%. A informação é do primeiro levantamento realizado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), divulgado ontem.
A área colhida deverá ser de cerca de 9 milhões de hectares, com um aumento de 468,2 mil hectares em relação à safra passada, quando os produtores plantaram 8,6 milhões de hectares. Se confirmada, esta será a maior área de cana-de-açúcar já colhida no Brasil.
Quanto à produção de açúcar, aumento deve ser de 12% em relação à safra anterior (33,4 mi t), baseada na expectativa de evolução da área colhida, podendo chegar a 37,5 milhões de toneladas. Já a produção de etanol total será de 30,3 bilhões de litros, com uma redução de 0,4% ou 121 milhões de litros a menos que no ciclo passado, quando foram produzidos 30,4 bilhões de litros.
O etanol anidro, utilizado na mistura com a gasolina, deverá ter aumento de 4,7% ou 528 milhões de litros, passando de 11,2 bilhões para 11,7 bilhões de litros. Para o etanol hidratado, usado nos veículos flex, a produção é de 18,6 bilhões de litros, com uma redução de 3,4% (649 milhões de litros) quando comparado com a da safra anterior, de 19,2 bilhões.
A Conab também divulgou nesta quinta-feira o quarto e último levantamento da safra 2015/2016 de cana-de-açúcar. Os números mostram que a produção foi de 665,6 milhões de toneladas, com um crescimento de 4,9% frente ao ciclo 2014/15. A área cultivada chegou a 8,6 milhões de hectares, com redução de 3,9%.
No caso da produção de açúcar, foram alcançados 33,5 milhões de toneladas, enquanto que o etanol total chegou a 30,5 bilhões de litros. Já o hidratado alcançou 19,3 bilhões de litros e o anidro teve redução de 4,4%, alcançando 11,2 bilhões.