Seguro rural: custo ou investimento?
21-03-2017

O seguro rural, de maneira geral, garante que o produtor recupere parte do seu investimento em casos de quebra de safra
O seguro rural, de maneira geral, garante que o produtor recupere parte do seu investimento em casos de quebra de safra

Apesar das suas vantagens, o seguro rural ainda engatinha no Brasil, onde sua prática só se iniciou no ano de 2006

Ana Malvestio¹ e Raphael Garrone2

A atividade agropecuária possui um risco extremamente alto em comparação com outros setores da economia. O produtor rural convive, diariamente, com muitas incertezas que, no final, se tornam grandes desafios. Quem trabalha com a produção agrícola lida com seres vivos durante o processo produtivo, tem um negócio altamente dependente das condições climáticas e enfrentam, todos os anos, a forte volatilidade de preços das commodities. Existem, porém, algumas práticas, que se utilizadas corretamente, podem mitigar os riscos da operação agropecuária. Entre elas está o seguro rural.

O seguro rural, de maneira geral, garante que o produtor recupere parte do seu investimento em casos de quebra de safra e possibilita a continuidade na atividade. Garante ainda uma maior proteção aos bancos que disponibilizam crédito rural, já que em caso de sinistro, o produtor ainda conseguiria honrar os seus compromissos financeiros.

Apesar das suas vantagens, o seguro rural ainda engatinha no Brasil, onde sua prática só se iniciou no ano de 2006. De acordo com a Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), apenas 15% do território brasileiro, cerca de 11 milhões de hectares, está segurado. A maior parte desta área, aproximadamente 75%, é destinada ao cultivo de grãos. Além disso, de janeiro a novembro de 2016, o setor de seguros rurais gerou uma receita de R$ 3,3 bilhões, um incremento de 10,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, porém um valor ínfimo perto de outros países. Para efeito de comparação, os Estados Unidos têm aproximadamente 90% de sua área plantada segurada e o setor gera uma receita anual de cerca de US$ 110 bilhões, o equivalente a R$ 383,90 bilhões, considerando a média da taxa de câmbio de 2016.

A desinformação e a desconfiança dos produtores sobre o assunto e o alto custo para a contratação de uma apólice de seguro rural, quando comparado com a rentabilidade da produção agrícola, são as principais razões para o reduzido uso desta ferramenta. Cerca de 40% dos contratos de seguro no país contam com a subvenção do governo federal. Ou seja, todo ano, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio do Programa de Subvenção do Prêmio do Seguro Rural (PSR), libera um determinado valor do seu orçamento para auxiliar o produtor rural na contratação do seguro rural. Normalmente, o subsídio do governo varia entre 35% a 45% do preço do seguro.

No ano de 2016, o PSR autorizou um montante de R$ 400 milhões a serem gastos com as subvenções do seguro rural, quantidade semelhante a do ano anterior. O valor foi utilizado integralmente e segurou mais de R$ 13 bilhões em lavouras. Para 2017, o Mapa havia solicitado R$ 700 milhões para o PSR, mas o montante destinado às subvenções deverá ficar em R$ 450 milhões, devido à crise orçamentaria pela qual passa o país. Acredita-se que com um montante de R$ 1 bilhão, o número de produtores protegidos pelo seguro poderia triplicar imediatamente, reduzindo os impactos na economia em caso de adversidades na safra. O governo vem estudando parcerias com indústrias do agronegócio para conseguir incrementar o valor destinado para a subvenção do seguro rural. Uma das sugestões, que ainda está em estudo, é a criação de um fundo privado junto com as empresas produtoras de insumos agrícolas.

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