Setor sucroenergético mineiro acumula dívida de R$ 8 bilhões
19-02-2015

Com as dificuldades enfrentadas nos últimos anos, o setor sucroenergético brasileiro somou uma dívida de quase R$ 80 bilhões, conforme estimativa da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Em Minas Gerais, a dívida do setor está na casa de R$ 8 bilhões. A estimativa, do presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, considera o fato de o Estado responder por cerca de 10% da produção nacional. "O endividamento é alto, pois os investimentos demandados pelo setor são elevados, e ainda tem a questão dos juros", observa Campos.

As dívidas são fruto de uma época áurea, que durou de 2003 a 2008. Nesse período, embalado por programas de incentivo do governo federal, o setor investiu alto. Mas, depois disso, o esforço do governo para manter os preços da gasolina controlados - como a eliminação da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre o petróleo - tiraram a competitividade do etanol. As vendas caíram, e o setor travou.

Campos afirma que o cenário para 2015 ainda não é dos melhores, mas há potencial de crescimento no país, desde que medidas adequadas ao setor sejam implementadas. "O Brasil é o maior produtor de açúcar no mundo, e 65% da nossa frota é de carro flex. Só que o produto precisa ser competitivo para que o consumidor abasteça seu carro com álcool", diz.

Esperança. Para este ano, a torcida é por chuva, para amenizar os impactos da seca na produção. A colheita se concentra em abril e, sem as águas, a produção ficará comprometida. Apesar de não descartar dificuldades, entre elas, o endividamento alto, Campos aposta em resultados melhores em 2015. No caso do açúcar, a redução do excedente do produto no mercado internacional deve ajudar na recuperação dos preços.

No caso do etanol, o retorno da Cide, que vai encarecer a gasolina a partir de março, traz esperança. "A volta da Cide deve ajudar a atividade, pois torna o etanol mais competitivo", diz.
Outra boa notícia é a mudança da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Prestação de Serviços (ICMS), que hoje é de 19%, vai cair para 14%. A mudança passa a vigorar em 18 de março deste ano.

E para não perder arrecadação, o Estado vai subir o ICMS da gasolina de 27% para 29%, e o combustível ficará cerca de R$ 0,06 mais caro, segundo estimativas feitas em dezembro do ano passado pelo Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro).

Juliana Gontijo