Usina da família Bumlai adia mais uma vez plano de recuperação judicial
04-05-2017

São Fernando está em processo de recuperação judicial desde 2013 (Foto: Helio de Freitas)
São Fernando está em processo de recuperação judicial desde 2013 (Foto: Helio de Freitas)

Com dívida que ultrapassa R$ 1,5 bilhão, a Usina São Fernando, de propriedade da família do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula e um dos condenados na Operação Lava Jato, pediu mais uma vez a suspensão da assembleia de credores, que tenta aprovar o plano de recuperação da indústria.

Localizada em Dourados, a 233 km de Campo Grande, a usina enfrenta vários pedidos de falência e está em recuperação judicial desde 2013. O processo tramita na 5ª Vara Cível de Dourados.

A administradora judicial Vinicius Coutinho Consultoria e Perícia S/A Ltda., que tem sede na Capital, informou nesta quarta-feira (3) ao Campo Grande News que durante a reunião dos credores, na semana passada em Dourados, a São Fernando pediu mais uma vez a suspensão da assembleia para apresentar um novo plano aos credores.

O juiz Jonas Hass Silva Junior marcou a retomada da assembleia para o dia 1º de junho deste ano. Foi a terceira vez em 50 dias que a assembleia foi suspensa sem aprovar o plano de recuperação judicial.
Suspensa pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul no ano passado, a pedido de um dos credores, a assembleia foi marcada para o dia 9 de março deste ano, mas por falta de quórum foi transferida para o dia 16 do mesmo mês. Entretanto, a assembleia não chegou a ser finalizada e deveria ter continuidade agora, mas de novo foi suspensa.

Há quatro anos – O processo de recuperação judicial da São Fernando começou em abril de 2013. São centenas de credores, entre eles empresas e produtores locais de Dourados, fornecedores e cooperativas de outros estados e bancos, como o BNDES, Banco do Brasil, Bradesco, Pine e Bonsucesso.
Em fevereiro deste ano, a gestora americana de fundos Amerra fez uma nova proposta para comprar a São Fernando. Ao BNDES, um dos principais credores da indústria e autor de um dos pedidos de falência, a Amerra propôs quitar a dívida que a usina tem com o banco e parcelar o restante a pagar, quase R$ 270 milhões, por 17 anos, corrigido pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP).
A proposta inclui ainda o pagamento de aproximadamente R$ 50 milhões que a usina tem em atraso com o Banco do Brasil e mais R$ 50 milhões referente à primeira parcela renegociada com os demais credores. A Amerra também se compromete a investir R$ 50 milhões para plantar cana-de-açúcar no primeiro ano.