Usinas param moagem de cana já nesta semana
09-10-2014

A estiagem que prejudicou a produção da cana-de-açúcar em todo o Estado antecipará, em quase dois meses, o encerramento da moagem em usinas da região.

Segundo a Coplacana (Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo), uma companhia da microrregião de Piracicaba para as atividades ainda nesta semana e outra, localizada no município, conclui os trabalhos desta safra em, no máximo, 30 dias.

Todas as outras dez usinas da área de abrangência da cooperativa devem encerrar a moagem até 20 de novembro.

A Raízen, um dos principais grupos do setor, confirmou que duas de suas usinas finalizarão os trabalhos ainda neste mês.

Segundo a cooperativa, uma delas é a Santa Helena, que está localizada em Rio das Pedras.

A conclusão desse processo antes do previsto traz prejuízos aos produtores rurais e também aos trabalhadores temporários dessas companhias, que começarão a ser dispensados dos cargos.

Um prejuízo direto para a economia da região que trará reflexos imediatos e também em médio prazo, comentou o presidente da Coplacana, Arnaldo Bortoletto.

"O fim da moagem antes do tempo previsto causa uma entressafra mais longa, o que prejudica o produtor, que fica mais tempo sem ter de onde tirar recursos. Isso afeta a renovação da área de plantio, pois os canavieiros terão menos dinheiro para reformar a lavoura e, consequentemente, terão menos produtividade na próxima safra", afirmou.

Conforme Bortoletto, cada produtor, na entrega da cana à usina, recebe 80% do valor total da venda imediatamente, sendo que os 20% restantes são quitados entre os meses de janeiro, fevereiro e março.

Com a safra encerrada em outubro, não haverá recebimento de venda por pelo menos dois meses.

Sem recursos suficientes, os produtores devem adiar a reforma dos canaviais, aproveitando as plantas que já estão no solo em vez de substituí-las parcialmente, o que melhora a produção.

Segundo o presidente da cooperativa, há necessidade de reforma de 15% a 20% da área de plantio a cada safra.

Para o próximo ano, no entanto, menos de 10% da área plantada deverá passar por esse processo.

Outro impacto para a economia da região será a dispensa antecipada dos trabalhadores temporários das usinas.

Antes demitidos apenas em dezembro, muitos deixarão os postos de trabalho até o final deste mês.

"A dispensa dos temporários ao final da safra é esperada, mas dessa forma antecipada preocupa, pois o fim de ano gera 13º salário e outros benefícios. Os dispensados agora recebem seus direitos, mas até dezembro já não terão a mesma renda e a nova safra só começa em meados do próximo ano", disse.

Somando-se as 12 usinas da região, serão cerca de 6.000 trabalhadores dispensados antes do esperado na região.


Sem incentivos

Além da quebra de safra provocada pela estiagem, o presidente da Coplacana voltou a alertar sobre os baixos preços praticados no mercado, o que tem inviabilizado a produção da cana-de-açúcar.

Segundo ele, o produtor vive uma das piores fases e tem grande dificuldade para sobreviver até maio de 2015, quando uma nova safra ganha força.

Bortoletto lembrou que, até o momento, não houve qualquer retorno do Governo Federal quanto ao pedido de subsídio à produção.

A categoria pede subvenção entre R$ 10 e R$ 12 por tonelada de cana-de-açúcar colhida — por pequenos produtores — como forma de amenizar os prejuízos do setor.

Hoje, conforme a Coplacana, em Piracicaba e 70 municípios de abrangência da entidade, existem 130 mil hectares de cana-de-açúcar plantada.

Em anos normais, a produtividade gira em torno de 78 a 80 toneladas por hectare.

Já neste ano, com a seca, a colheita tem ficado entre 62 e 65 toneladas por hectare plantado.

Danielle Gaioto