Vinhaça localizada pode render R$ 6 milhões a mais em comparação com adubação convencional em uma área de 10 mil hectares
19-10-2023
Estimativa tem como base estudo de caso apresentado por João Rosa “Botão”, do Pecege Consultoria e Projetos, durante reunião do Grupo Fitotécnico de Cana-de-açúcar
Por Leonardo Ruiz
A 6ª Reunião do Grupo Fitotécnico de cana-de-açúcar, realizada na última terça-feira (17) em Ribeirão Preto/SP, trouxe o tema “vinhaça localizada” para a mesa de debates. Na ocasião, pesquisadores e profissionais de unidades sucroenergéticas discorreram sobre as possibilidades e benefícios da tecnologia, que voltou aos holofotes em 2022 em função da crise global na oferta de fertilizantes ocasionada pelo conflito Rússia-Ucrânia.
A primeira palestra ficou a cargo do Sócio-Diretor do Pecege Consultoria e Projetos, João Rosa “Botão”, que falou sobre custos de aplicação. Um estudo de caso foi apresentado com o objetivo de descobrir qual seria a viabilidade agroindustrial da vinhaça localizada em comparação com a adubação convencional.
O trabalho levou em consideração diversos parâmetros econômicos, como aplicação (consumo de combustível, manutenção, depreciação e custo de capital), preços dos adubos convencionais, demanda nutricional da cultura, necessidade de enriquecimento da vinhaça e produtividade agrícola extra proporcionada pelo resíduo.
“Calculando uma lâmina de 30 m³ de vinhaça em uma área de 10 mil hectares, chegamos a um custo de aplicação de R$ 560/ha contra R$ 170/ha da adubação convencional. Adicionando os custos dos adubos a equação, teremos um total de R$ 1.429/ha para a vinhaça e R$ 1.608/ha da adubação convencional. Uma economia operacional de R$ 179/ha com o uso do resíduo”.
Para Botão, a maioria das empresas do setor não optaria pelo uso da vinhaça localizada caso levasse em conta apenas essa margem. Porém, ele frisa que é preciso lembrar que a vinhaça acarreta aumento de produtividade agrícola, uma vez que além de nutrir a planta, também diminui seu estresse hídrico. “Considerando um aumento de 2,5% na produção, um número bastante conservador, começamos a enxergar o real potencial da tecnologia.”
Nesse estudo de caso, a produtividade agrícola da unidade saltaria de 80 ton/ha para 82 ton/ha ao utilizar a vinhaça localizada em vez da adubação convencional. Com um ATR de 135 kg/t a um preço de R$ 1,2500kg, essa empresa registraria uma receita extra de R$ 338/ha. “Com uma economia operacional de R$ 179/ha aliada a esse ganho de R$ 338/ha, terei uma renda extra de R$ 516/ha. Multiplicado por 10 mil hectares, seriam injetados mais de R$ 5 milhões nos cofres ao final da safra.”
No entanto, Botão ressalta que o setor não produz cana-de-açúcar, mas açúcar, etanol, CBIOs, energia elétrica, biogás e biometano. “Com aquele aumento de 2 ton/ha ocasionado pela aplicação da vinhaça localizada, e considerando um mix de 52% açúcar VHP e de 48% de etanol hidratado, produzirei um volume adicional de 134,32 kg/ha de açúcar e 77,32 L/ha de etanol. Com base nos preços atuais desses produtos (R$ 120/sc de açúcar VHP e R$ 2,17/L de hidratado), terei uma receita agroindustrial adicional de R$ 490,15/ha. Levando em consideração aquela economia operacional de R$ 179/ha e multiplicando por 10 mil hectares, serão cerca de R$ 6.6 milhões no final do ciclo.”
Análise de viabilidade agroindustrial da vinhaça localizada
Fonte: João Rosa (Botão)/Pecege Consultoria e Projetos
Por fim, Botão ressaltou que esses números têm como base um único estudo de caso, podendo sofrer alterações para cima ou para baixo em função dos indicadores de cada empresa. Caso deseje fazer sua própria simulação, o profissional disponibilizou a planilha de cálculos. Basta clicar neste link: https://forms.office.com/Pages/ResponsePage.aspx?id=sVAQkSO-ukOvIGlg4gcWuRJw3fy3-OpOkRldvgEk_eRUMFVKVFNYV1lRTUFKNzE1WVNRWDRJU0hQWC4u&origin=QRCode