A análise do Itaú BBA para o mercado de açúcar
04-02-2021

No Brasil, mesmo com oportunidade de fixação em excelentes níveis, as telas mais curtas já estão com volumes altos da safra 2021/22 travados, possibilitando a fixação da safra 22/23 que tem mais espaço para o hedge

Durante o mês de janeiro os preços de açúcar apresentaram fortes variações. A tela de mar/21 chegou a fechar na máxima de cUSD16,67/lp e finalizou o mês em cUSD15,83/lp, alta de 2,2% sobre o fim de dezembro.

Nas duas primeiras semanas do mês as cotações sofreram fortes altas causadas pelo movimento de compra dos fundos especulativos e alta dos preços do brent. Nas duas últimas semanas de janeiro, no entanto, aposição compra dados fundos especulativos perdeu força, e consequentemente colocou os preços em queda. Além disso, a Índia entrou o mercado vendendo seu açúcar para exportação, que ainda se mantiveram atrativas mesmo com a queda dos preços diante dos subsídios.

No Brasil, a alta das cotações em NY e a desvalorização do real, fizeram com que os valores em reais por toneladas e mantivessem nos patamares de BRL1.900 durante praticamente todo o mês. Porém, mesmo com oportunidade de fixação em excelentes níveis, as telas mais curtas já estão com volumes altos da safra 2021/22 travados, possibilitando a fixação da safra 22/23 que tem mais espaço para o hedge.

  • Do lado dos fundamentos, na última semana do mês o ISMA divulgou a revisão de estimativa do país com redução na produção de açúcar de3 1para 30,2 milhões de toneladas. Esse volume ainda apresenta variação de 10% acima da safra anterior e aproximadamente 10 milhões de toneladas em estoque.

Em relação ao balanço O&D global, com a redução da estimativa de produção de açúcar n a Índia, e produções menores da Tailândia e Europa, a perspectiva de déficit se consolida. O reflexo do déficit é a sinalização da necessidade do açúcar indiano pelo mercado global, que faz com que os preços busquem os patamares que as exportações fiquem viáveis para sair do país. Neste cenário, a tendência é de preços firmes, acima da paridade de exportação da Índia que hoje está em cUSD15,5/lp.

  • O foco no momento volta-se para o desenvolvimento da safra da Índia, que encontra-se adiantada, e como se desenvolverá as exportações de açúcar pelo país. Qualquer mudança no cenário pode impactar diretamente os preços.

No Brasil, alguns fatores importantes para acompanhar serão a evolução das chuvas, necessárias para o desenvolvimento das soqueiras que sofreram como meses secos de 2020, o plantio de 18 meses para acompanhar o processo de renovação do canavial e o consequente impacto na área disponível para colheita em 2021/22, e, por fim, o volume de fixações para safra 2022/23, pois a safra 2021/22 já se encontra com fixações adiantadas. Para as usinas que ainda não fixaram, os preços em reais por toneladas continuam em patamares favoráveis.

Ponto de atenção ainda continua sendo a elevada posição líquida comprada pelos fundos especulativos (219 mil lotes) já que uma possível reversão na esteira da realização de lucros pode derrubar as cotações.

Fonte: CanaOnline com informações dos analistas do Agro do Itaú BBA