A importância de conhecer os tipos de solos do Brasil para o sucesso da sua lavoura
18-09-2025

Foto: Adobe Stock
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Com 64% dos solos globais considerados frágeis, conhecer a diversidade de solos brasileiros é a bússola para o produtor garantir produtividade e sustentabilidade

O Brasil, devido à sua vasta extensão territorial, apresenta uma grande diversidade de solos, o que influencia diretamente as práticas agrícolas em diferentes regiões. Com isso, compreender as características do solo permite otimizar a produtividade, reduzir custos com insumos e garantir a sustentabilidade da propriedade. 

Como mostra reportagem do Agro Estadão, uma pesquisa realizada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), em Piracicaba (SP), revelou que 64% dos solos do mundo são frágeis.

Este estudo destaca a importância de conhecer e manejar adequadamente os solos para garantir a segurança alimentar global e a sustentabilidade ambiental.

Entendendo a diversidade dos tipos de solos do Brasil


Foto: Embrapa/Divulgação

No Brasil, os solos são classificados de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS), desenvolvido pela Embrapa. Esta classificação vai além da teoria, sendo uma ferramenta prática para decisões de manejo e escolha de culturas.

A formação dos solos brasileiros é influenciada por diversos fatores, incluindo clima, relevo, material de origem, organismos vivos e tempo. Estes elementos combinados resultam na grande variedade de solos encontrados em nosso país.

Os principais tipos de solos do Brasil

Latossolos


Latossolos – Foto: Embrapa/Divulgação

Os Latossolos são solos profundos, bem drenados e geralmente apresentam coloração avermelhada ou amarelada. Encontrados em grandes extensões do território brasileiro, esses solos são naturalmente de baixa fertilidade, sendo ácidos e com baixa capacidade de troca de cátions (CTC).

Apesar dessas características iniciais, os Latossolos têm excelente potencial de resposta à calagem e adubação. Predominantemente argilosos ou franco-argilosos, possuem boa estrutura que facilita a mecanização. Sua excelente drenagem faz com que sejam menos suscetíveis a encharcamento.

Culturas como soja, milho, algodão, cana-de-açúcar, café e citros se adaptam bem aos Latossolos quando manejados adequadamente. 

Para otimizar a produção nestes solos, é fundamental realizar a calagem para correção da acidez, aplicar gesso quando necessário, realizar adubação equilibrada e adotar práticas de conservação do solo, como plantio direto e rotação de culturas.

Argissolos

 Argissolos – Foto: Embrapa/Divulgação

Os Argissolos são caracterizados por apresentarem um horizonte subsuperficial mais argiloso que o superficial, resultando em uma mudança textural abrupta. Estes solos podem ter cores variadas e sua fertilidade varia de média a baixa.

Uma característica importante dos Argissolos é a possibilidade de problemas de drenagem interna em camadas mais profundas devido ao aumento da argila. 

Isso pode levar a um maior risco de erosão superficial, exigindo atenção especial ao manejo da água e à conservação do solo.

Culturas como arroz, feijão, milho, algumas frutíferas e pastagens se adaptam bem aos Argissolos. Para o manejo adequado destes solos, é recomendável adotar práticas anti-erosivas, como terraços e curvas de nível. 

Além disso, o manejo da matéria orgânica é fundamental para melhorar a estrutura e a infiltração de água. A correção da acidez e a adubação devem ser realizadas conforme análise de solo.

Neossolos


Neossolos – Foto: Embrapa/Divulgação

Os Neossolos são solos jovens e pouco desenvolvidos, que refletem muito as características do material de origem. Podem ser rasos ou profundos, arenosos ou argilosos, apresentando grande variabilidade em fertilidade e drenagem.

Existem diferentes tipos de Neossolos, cada um com características específicas:

  • Neossolos Litólicos: solos rasos que limitam o desenvolvimento radicular;
  • Neossolos Flúvicos: encontrados em várzeas e planícies, podem ser muito férteis;
  • Neossolos Quartzarênicos: solos arenosos e de baixa fertilidade natural.

A escolha das culturas para os Neossolos depende do tipo específico. Neossolos Litólicos são adequados para culturas de ciclo curto, pastagens e reflorestamento. Neossolos Flúvicos são excelentes para arroz irrigado, hortaliças e cana-de-açúcar. 

Já os Neossolos Quartzarênicos são indicados para culturas que toleram seca, como melancia, mandioca e algumas frutíferas adaptadas, desde que haja irrigação e manejo intensivo de nutrientes.

Para o manejo adequado dos Neossolos, é essencial realizar uma análise detalhada do solo, corrigir a acidez e fazer adubação específica para cada tipo. O manejo da irrigação e da matéria orgânica é especialmente importante em solos arenosos.

Outros tipos de solos do Brasil com relevância agrícola


Gleissolos – Foto: Embrapa/Divulgação

Além dos tipos mencionados, existem outros solos importantes para a agricultura brasileira:

Cambissolos: são solos pouco desenvolvidos, geralmente encontrados em relevo ondulado. Têm bom potencial agrícola se bem manejados, porém, são suscetíveis à erosão.

Gleissolos: caracterizados por serem hidromórficos, ficam saturados por água por longos períodos. São encontrados em áreas de várzea e baixadas, sendo indicados para culturas que toleram encharcamento, como o arroz irrigado.

Chernossolos: apresentam alta fertilidade natural e são ricos em matéria orgânica, com cor escura característica. São excelentes para diversas culturas, embora não sejam muito extensos no Brasil.

Luvissolos: possuem um horizonte argiloso mais profundo e alta fertilidade natural. São comuns no Nordeste e requerem manejo cuidadoso da água.

Espodossolos: são solos arenosos, ácidos e com baixa fertilidade, frequentemente encontrados em regiões costeiras. Exigem manejo intensivo para serem utilizados na agricultura.

Cada tipo de solo apresenta características únicas que influenciam diretamente na escolha das culturas e nas práticas de manejo. 

Ao compreender essas particularidades, o agricultor pode tomar decisões mais assertivas, otimizando a produção e garantindo a sustentabilidade de sua propriedade.

Fonte: Estadão