A safra canavieira não para em Mato Grosso do Sul
02-12-2019

Usina Sonora, uma das 19 unidades sucroenergética de Mato Grosso do Sul
Usina Sonora, uma das 19 unidades sucroenergética de Mato Grosso do Sul

O estado é campeão de moagem na entressafra canavieira

Aproximadamente, 200 unidades sucroenergéticas da região Centro-Sul do Brasil já encerram a safra canavieira 2019/20.  Na maioria dos estados, a colheita da cana só volta a acontecer a partir de abril de 2020, já dentro da safra 2020/21, que começa oficialmente em 1º de abril.

Mas este não é o caso de Mato Grosso do Sul, onde já virou costume o setor emendar as safras. “Temos um regime indefinido de chuvas, isso favorece a continuidade da colheita, ou colher em períodos diferentes. Existem as unidades que param a moagem mais cedo, novembro, dezembro, mas em fevereiro ou março já voltam a moer. Outras entram janeiro moendo, se estendem até fevereiro e voltam em abril, e aquelas que, praticamente emendam as safras. Então, durante a entressafra sempre há quem esteja moendo. Ou seja, Mato Grosso do Sul colhe cana o ano todo”, diz Roberto Hollanda Filho o presidente da Associação de Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul).

E assim, Mato Grosso do Sul defende o título de o estado em que mais moi cana no período de entressafra. Mas, e o pisoteio e a compactação no solo não é intensificado em decorrência da movimentação das máquinas na lavoura em época de chuva?  “Nossos profissionais, cada vez mais, se especializam em colher neste período, e, com isso, desenvolvem soluções para agredir menos a socaria, além de observarem os melhores períodos para realizarem a colheita nesta época”, observa Roberto.

“Mato Grosso do Sul colhe cana o ano todo”, diz Roberto Hollanda Filho

O setor sucroenergético sul-mato-grossense conta com 19 unidades em operação. Todas produzem etanol hidratado, 11 produzem etanol anidro, 10 produzem açúcar [VHP, cristal ou refinado], todas geram bioeletricidade e 12 exportam o excedente dessa energia.

No Estado, 39 municípios são impactados pela atividade e benefícios gerados pelo setor sucroenergético, com concentração de 78% das lavouras de cana-de-açúcar na região Cone Sul.

Na safra 2018/2019, 717 mil hectares foram destinados para o cultivo de cana-de-açúcar, que corresponde a 2% do território do Estado. Dessa área, 649 mil hectares foram de colheita, com ganho de 4,6% comparada à safra anterior.  O avanço de área em Mato Grosso do Sul ocorre com percentual zero de desmatamento, uma vez que trata-se de áreas subutilizadas.

Na safra da cana-de-açúcar 2018/2019 em Mato Grosso do Sul, a produção foi de 49,5 milhões de toneladas de cana. O volume é 5,4% maior comparado à safra anterior e mantém o Estado na quarta posição do ranking de produção da matéria-prima no País. Também houve recuperação na qualidade da cana, com 132,21 kg de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana [+ 2,7%].

Para a safra 2019/20 a expectativa de produção inicial era ultrapassar as 51 milhões de toneladas, porém, as geadas ocorridas em julho e a seca intensa nos meses de setembro e outubro devem reduzir a estimativa – tirar pelo menos 2 milhões de toneladas. A perda só não é maior, porque o setor no Estado, principalmente os produtores de cana, intensificaram os tratos culturais, as boas práticas agrícolas, o manejo da cultura, elevando a produtividade dos canaviais por mais cortes. Resultado: com maior volume de matéria-prima, cada vez mais, a safra canavieira não vai parar em Mato Grosso do Sul.